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Discussão climática negligencia crise alimentar, alerta FAO

Agência da ONU para alimentação cobra 'uma maior consciência' sobre importância da agricultura no clima

Por GERARD WYNN
Atualização:

As discussões climáticas têm negligenciado a crise alimentar mundial, ignorando medidas que poderiam conter o aquecimento global e ao mesmo tempo aumentar a produção agrícola, segundo o diretor-geral da FAO (agência da ONU para alimentação e agricultura). Em entrevista nesta semana à Reuters em Copenhague, Jacques Diouf cobrou "uma maior consciência sobre a importância" da agricultura nas discussões climáticas. "Historicamente, a discussão se centrou nos aspectos industriais da mudança climática, seja em termos de fábricas ou transportes, e menos no setor primário da agricultura." Até 18 de dezembro, 192 países discutem em Copenhague as linhas gerais de um novo tratado climático global a ser assinado em 2010 para substituir o Protocolo de Kyoto. A FAO diz que certas práticas agrícolas, especialmente em países pobres, poderiam recuperar terras degradadas, de modo a aumentar a produção agrícola em longo prazo. Além disso, medidas como redução das taxas de armazenamento e emprego de materiais orgânicos também podem manter no solo uma quantidade de carbono equivalente a 10 por cento das emissões globais de gases do efeito estufa. Por outro lado, a agricultura contribui com as emissões porque estimula o desmatamento. Levando isso em conta, a produção rural responde por 31 por cento das emissões globais, segundo Diouf. "Daí o impacto das boas políticas para reduzir o impacto negativo e das boas políticas para aumentar a capacidade de sequestro de carbono", disse Diouf. Até agora, os negociadores de Copenhague se limitaram a propor um "programa de trabalho" para ampliar as pesquisas sobre métodos agrícolas que reduzam emissões. A conferência deve resultar também em propostas para compensar países que reduzam suas taxas de desmatamento. Outro item importante na pauta é a definição de um mecanismo financeiro para ajudar os países pobres a reduzirem suas emissões e a se prepararem para as mudanças climáticas. "Gostaria que tivéssemos um mecanismo financeiro para estimular os países que têm florestas a não desmatarem. Gostaria também de ver que a agricultura de conservação recebe os incentivos necessários", disse Diouf.

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