Desânimo marca conferência do clima

Países ricos dizem quem não podem se comprometer financiando ações de adaptação nos mais pobres

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Por Giovana Girardi
Atualização:

DOHA - A Conferência do Clima da ONU, que ocorre em Doha (Catar), entra em seu último dia sob desânimo e falta de sentimento de urgência entre os negociadores, apesar de urgência e ambição serem as palavras mais pronunciadas no evento.O principal resultado deve ser a conclusão dos termos do segundo período do Protocolo de Kyoto, para entrar em vigor em 2013. Mas o chamado LCA (grupo de trabalho sobre cooperação de longo prazo), criado em 2007 na COP de Bali, que teria de ser finalizado neste ano, precisará de alguma manobra para destravar.A encrenca, como sempre, é o financiamento dos países ricos para ações de mitigação e adaptação nos mais pobres. Há um compromisso, acordado em Copenhague em 2009, de que até 2020 se chegará a uma doação de US$ 100 bilhões por ano. A expectativa era que em Doha se estabelecesse um mapa de como as nações vão chegar a esse valor. O G-77 (grupo dos países em desenvolvimento) + China propôs um marco intermediário, de até US$ 60 bilhões em 2015, mas Estados Unidos e União Europeia dizem que não têm como se comprometer neste momento.Um meio-termo para conseguir a aceitação das nações mais pobres pode ser atingido se os ricos se mantiverem comprometidos a avançar neste cenário em 2013. A ideia transpareceu em entrevistas dos Basics (Brasil, China., Índia e África do Sul)."Pedimos que o ínterim até 2020 se resolva. Entendemos as restrições que este momento de desafios financeiros cria, mas esperamos que os países desenvolvidos fiquem o mais perto possível disso. Negociamos com urgência e ambição em finanças, assim como em adaptação e mitigação. Pedimos que todas as partes façam o mesmo", disse o diplomata brasileiro André Odenbreit Carvalho.Por enquanto, os anúncios que foram feitos de liberação de dinheiro nos próximos dois anos - de Grã-Bretanha, Alemanha, França, Suécia e Dinamarca - ficaram em pouco mais de US$ 8 bilhões. Não chega nem perto de ser suficiente, face a gravidade do problema, mas ao menos foi um passo. Mas não está claro se é dinheiro novo ou não.

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