Corte de emissão precisa ser maior contra aquecimento global-ONU

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Por NINA CHESTNEY
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As emissões de gases do efeito estufa em 2020 podem aumentar mais do que o previsto, para entre 6 bilhões e 11 bilhões de toneladas acima do que seria necessário para limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius, revelou um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) nesta quarta-feira. A diferença entre as promessas de corte de emissões dos países e o que seria necessário para ficar dentro do que os cientistas dizem ser o limite para evitar os efeitos desastrosos do aquecimento global tem aumentado desde a estimativa feita em 2010, de 5 a 9 bilhões de toneladas, depois do surgimento de novos dados, disse o PNUMA. Cientistas alertaram na semana passada que condições climáticas extremas devem piorar em todo o mundo neste século a medida que a Terra for se aquecendo, mas as emissões globais de carbono subiram a um nível recorde no ano passado. "Para ficar dentro do limite de 2 graus, as emissões globais terão de atingir um ponto máximo em breve, e as emissões totais de gases de efeito estufa em 2050 devem ser 46 por cento abaixo do nível registrado em 1990, ou cerca de 53 por cento abaixo do nível de 2005", afirmou o relatório. Os países concordaram no ano passado em Cancún, no México, que cortes maiores nas emissões seriam necessários para manter o aumento médio das temperaturas globais abaixo dos 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Representantes de quase 200 países se reunirão na África do Sul na próxima semana para uma cúpula da ONU, mas a perspectiva é de que apenas passos modestos sejam tomados rumo a um acordo climático mais amplo. O limite de dois graus Celsius só poderá ser mantido se os índices de emissões forem mantidos no nível equivalente a cerca de 44 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Se nada for feito para limitar as emissões, elas poderão aumentar para cerca de 56 bilhões de toneladas em 2020, alertou o PNUMA. Se as menores promessas dos países fossem implementadas, as emissões poderiam recuar para cerca de 54,6 bilhões de toneladas, deixando uma diferença de cerca de 11 bilhões de toneladas em relação à meta. Se as nações fizerem promessas mais ambiciosas e se as negociações sobre o clima na ONU adotarem regras mais rígidas sobre o uso de terras, a silvicultura e os créditos de carbono excedentes, o número poderá cair para até aproximadamente 50 bilhões de toneladas, segundo o relatório. Alguns cientistas alertaram que as emissões precisam atingir um teto antes de 2020 e cair para cerca de 40 bilhões de toneladas até 2020 para que haja uma boa chance de limitar o aumento na temperatura. O PNUMA acredita que a diferença nas emissões pode ser compensada aumentando a eficiência energética e acelerando a mobilização das energias renováveis. "Existem provas suficientes de que uma redução nas emissões de entre 14 a 20 bilhões de toneladas... é possível até 2020 e sem qualquer grande avanço técnico ou financeiro", disse o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner. "A janela para responder à mudança climática está se estreitando rapidamente, mas da mesma forma, as opções para ações economicamente eficientes nunca estiveram tão abundantes", afirmou. O relatório contou com a participação de 55 cientistas e especialistas em 15 países.

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