O mundo está prestes a falhar na missão de realizar os cortes de emissão de CO2 necessários, na próxima década, para enfrentar o aquecimento global, disse a principal autoridade das Nações Unidas para a questão, numa avaliação pessimista das perspectivas para um novo acordo internacional sobre o tema.
A despeito da perspectiva sombria de curto prazo, Yvo de Boer, que deixará o cargo em 1º de julho, após cerca de quatro anos na posição, expressou confiança de que os governos, no fim, chegarão a metas duras o bastante, como o corte de 80% das emissões dos países ricos até 2050.
"Não vejo o processo oferecendo metas de mitigação adequadas na próxima década", disse de Boer a jornalistas, durante discussões realizadas em Bonn, na Alemanha, entre negociadores de 185 países. "No longo prazo teremos a questão sob controle", afirmou.
O comitê de cientistas climáticos que assessora a ONU havia sugerido que as nações industrializadas teriam de cortar suas emissões de gases causadores do efeito estufa entre 25% e 40% abaixo dos níveis de 1990, até 2020, para evitar as consequências mais drásticas do aquecimento global.
De Boer disse que os compromissos apresentados pelos países desenvolvidos até agora "levam-nos a 13% ou 14% abaixo dos níveis de 1990... e precisamos claramente ir além disso".
Ministros de Meio Ambiente devem se reunir em Cancún em novembro para conversações que, alguns ainda esperam, podem levar a um acordo internacional com força de lei. de Boer já havia dito que um acordo que crie obrigações internacionais está fora de questão para 2010.