06 de outubro de 2015 | 15h52
Atualizada às 17h30
O economista sul-coreano Hoesung Lee foi eleito nesta terça-feira, 6, o novo presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O grupo internacional de cientistas ligado à ONU é responsável por avaliar o conhecimento científico que existe em torno do problema do aquecimento global e produzir relatórios que apresentam o que de melhor a ciência sabe sobre o assunto. É o que balisa as negociações internacionais em torno de um acordo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
IPCC quer entender impacto no clima local
Lee, que se especializou em energia e em sua relação com as mudanças climáticas, assume a vaga que o indiano Rajendra Pachauri ocupava desde 2002. Ele foi afastado em fevereiro após acusações de assédio sexual.
O coreano de 69 anos, que já ocupou outros cargos no painel, como o de vice-presidente, concorria com outros cinco candidatos: Ogunlade Davidson (Serra Leoa), Chris Field (Estados Unidos), Nebojsa Nakicenovic (Áustria-Montenegro), Thomas Stocker (Suíça) e Jean-Pascal van Ypersele (Bélgica). O resultado foi obtido após duas votações. Na primeira, Lee ficou a frente, mas não obteve a maioria absoluta entre os 134 votos e foi para um segundo turno com Ypersele. O economista recebeu, então, 78 votos, contra 56 para o climatologista belga.
Os eleitores são membros dos governos de mais de uma centena de países de todo o mundo que compõem o painel. A eleição ocorre em Dubrovnik, Croácia. Nesta quarta-feira devem ser eleitos os vice-presidentes e os copresidentes dos três grupos de trabalho. O Brasil tem apenas um representante concorrendo aos quadros do painel, a matemática Thelma Krug, do Inpe, que tenta uma das vice-presidências.
Planos. “O IPCC permanece profundamente comprometido em oferecer aos tomadores de decisão avaliações científicas sobre as mudanças climáticas com a mais alta qualidade, mas podemos fazer mais”, disse Lee em um comunicado transmitido pelo IPCC.
“A próxima fase do nosso trabalho será aumentar o entendimento sobre os impactos regionais, especialmente nos países em desenvolvimento, e melhorar a forma como comunicamos nossas descobertas ao público”, disse. “Acima de tudo, nós precisamos prover mais informações sobre as opções que existem para se prevenir e se adaptar às mudanças climáticas”, complementou.
O coreano será responsável por conduzir, pelos próximos anos a confecção do 6 relatório de avaliação do IPCC. O último teve suas três partes divulgadas entre setembro de 2013 a abril de 2014 e trouxe como principal conclusão, com 95% de certeza, que as mudanças que o planeta está sofrendo são causadas principalmente pela influência humana.
Na página de apoio a sua candidatura na internet, Lee afirma que tem como objetivo, à frente do IPCC, “apoiar o que tem funcionado, manter o que é necessário e mudar aquilo que precisa de melhorias no modo de operação do IPCC, em suas atividades e na comunicação de suas descobertas".
Ele afirma também que pretende incrementar a participação no painel de especialistas de países em desenvolvimento, aumentar a relevância política do grupo, mas também sua neutralidade, e diz que vai prestar atenção especial a problemas do clima ligados a criação de empregos, à saúde, à inovação, ao desenvolvimento de tecnologias, ao acesso à energia e à diminuição da pobreza.
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