
31 de outubro de 2015 | 15h09
CATAR - “Hello babies”, é a primeira frase que as jovens ararinhas-azuis costumam ouvir todos os dias no Catar. É o que dizem todos os cuidadores ao entrar nos aviários, como forma de sinalizar para as aves que quem está chegando é uma pessoa amiga.
O diretor do centro Al Wabra, Cromwell Purchase, dá o sinal antes mesmo de abrir a porta que dá acesso à sala onde são mantidas as sete ararinhas nascidas neste ano na instituição. É uma oportunidade única de interagir com essas aves, pois a partir deste mês elas serão misturadas com um grupo de ararinhas mais velhas e o contato delas com seres humanos passará a ser extremamente limitado.
Araras e periquitos são pássaros muito inteligentes e podem estabelecer relações afetivas profundas com pessoas. O que é ótimo para produzir aves de estimação, mas péssimo no caso das ararinhas-azuis, já que o objetivo é devolvê-las à natureza e torná-las selvagens de novo. Quanto mais elas evitarem os seres humanos e souberem se virar sozinhas, melhor.
As instalações do Al Wabra não são projetadas para visitação nem são um zoológico de extravagâncias do sheik. Engana-se quem imagina um oásis de jardins floridos e gaiolas de ouro. Os prédios são todos quadrados e sem graça, despidos de qualquer ostentação. Ainda que algumas espécies estejam lá de fato por um interesse particular do sheik, o objetivo que move a instituição é o da conservação.
Purchase está entusiasmado com o acordo de cooperação e a perspectiva de construir um criadouro na Caatinga. Mas sabe que não é fácil implementar ideias no Brasil. O Al Wabra já possui uma propriedade de 2 mil hectares em Curaçá, a Fazenda Concórdia, mas pouco conseguiu desenvolver ali.
O primeiro desafio será obter recursos para o novo centro. O Projeto Ararinha da Natureza não recebe dinheiro do governo federal - depende exclusivamente de um apoio financeiro da mineradora Vale (de R$ 3,6 milhões), que está próximo do fim e não há garantia de renovação do patrocínio.
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