PUBLICIDADE

Conheça a posição dos países nas negociações de clima

ONU faz apelo dramático, mas os EUA e as grandes economias em desenvolvimento relutam em aceitar cortes

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A Organização das Nações Unidas (ONU) pretende, nas negociações de Bali, na Indonésia, lançar um processo de dois anos a fim de comprometer os países ricos e pobres com o combate às mudanças climáticas. Mas o problema tem sido encontrar uma fórmula comum. As negociações sobre o clima patrocinadas pela ONU começaram nesta segunda-feira e terminam no dia 14 de dezembro. Nelas, a China, a Índia e outros países em desenvolvimento devem bater de frente com o bloco dos países industrializados, liderado pelos EUA, país que mais emite gases do efeito estufa no mundo. Os países mais pobres acusam o governo norte-americano de não se esforçar para reduzir suas emissões - os EUA argumentam que medidas do tipo prejudicariam seu crescimento econômico. Conheça as plataformas de negociação de cada um dos grandes grupos presentes em Bali. NAÇÕES UNIDAS O mais recente Relatório sobre o Desenvolvimento Humano da ONU, lançado na semana passada, inclui alguns dos apelos mais dramáticos feitos até agora para que o mundo adote uma ação coletiva com vistas a evitar mudanças climáticas catastróficas que afetariam de forma desproporcional as regiões mais pobres. Os autores do documento defenderam que as nações industrializadas, até 2050, diminuam as emissões de gases do efeito estufa para 80 por cento abaixo dos níveis de 1990. Os países em desenvolvimento precisariam cortar suas emissões, até 2050, para 20 por cento dos níveis de 1990. "A mensagem para Bali é que o mundo não pode arcar com o preço da espera", afirmou à Reuters Kevin Watkins, pesquisador da Universidade Oxford, da Grã-Bretanha, e principal autor do relatório. A ONU deseja que o mundo assine um novo pacto de combate às mudanças climáticas na conferência marcada para acontecer em Copenhague em 2009, após dois anos de negociações que seriam iniciadas em Bali. PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO CHINA - O segundo maior emissor de carbono do mundo, cujos níveis de emissão aproximam-se daqueles dos EUA, diz que os países ricos são os responsáveis pela maior parte das emissões de gases do efeito estufa do planeta e que deveriam assumir a liderança nos cortes. A China não parece disposta a aceitar a adoção de metas rígidas capazes de diminuir o ritmo alucinante de expansão da sua economia. E quer que os países ricos transfiram mais tecnologias capazes de reduzir as emissões. Vários dos outros países em desenvolvimento, como a Índia, adotam uma postura semelhante. O Brasil diz que os países ricos deveriam pagar pela preservação de áreas florestais, o que contribuiria para o combate às mudanças climáticas. E o Brasil, maior produtor de etanol do mundo, critica os EUA por imporem tarifas alfandegárias altas demais em relação aos biocombustíveis. PAÍSES INDUSTRIALIZADOS EUA - O presidente americano, George W. Bush, opôs-se ao Protocolo de Kyoto, afirmando que o acordo havia errado ao não impor metas de redução para os países em desenvolvimento e que prejudicaria a economia dos EUA. Bush defende a realização de grandes investimentos em tecnologia limpa tais como o hidrogênio e o carvão "limpo". Em junho, ele concordou, junto de seus aliados do Grupo dos Oito (G8, que reúne países industrializados), com a necessidade de realizar "cortes substanciais" nas emissões e de se esforçar para aprovar um novo acordo mundial sobre o clima em 2009. UNIÃO EUROPÉIA - A UE comprometeu-se com, até 2020, reduzir as emissões de gases do efeito estufa para ao menos 20% dos níveis de 1990. E também prometeu aumentar esse corte para 30% caso outros países o aceitem. A UE espera convencer os EUA e outras grandes economias a avançar rumo à adoção de metas compulsórias para conter e diminuir as emissões dos gases responsabilizados pelo aquecimento da Terra. AUSTRÁLIA - O novo governo do maior exportador de carvão do mundo ratificou nesta segunda-feira o Protocolo de Kyoto, transformando os EUA no único grande país industrializado a não ter assinado o acordo. Kevin Rudd, primeiro-ministro australiano, participará das negociações em Bali. (Texto de David Fogarty)

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.