Conheça a escola feita com 2,5 milhões de embalagens plásticas recicladas

Mangalô Montessori School, no bairro do Tatuapé, em São Paulo, foi erguida com madeira reflorestada, plástico e alumínio

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Por Iolanda Paz
Atualização:

Em vez da convencional alvenaria, uma segunda unidade da Mangalô Montessori School acaba de ser construída de maneira sustentável. Localizada no Tatuapé, na zona leste de São Paulo, a nova escola da ONG Mangalô foi erguida com uma estrutura de madeira reflorestada, seguindo o método que é conhecido como “woodframe”. Além disso, todo o revestimento da construção (das paredes ao teto) foi feito com chapas e telhas ecológicas, produzidas a partir da reciclagem de 2,5 milhões de embalagens plásticas. Se comparado à construção civil tradicional, o projeto sustentável gerou 95% menos resíduos, emitiu 90% menos CO2 e utilizou 90% menos água. 

Fundada em 2012, a ONG Mangalô é uma holding de negócios sociais que atua nas áreas de educação, habitação e voluntariado. Seu objetivo é resolver problemáticas sociais por meio de soluções inovadoras e sustentáveis. Um de seus braços é o EcoLar, uma construtora sustentável de baixo custo que é responsável pelos projetos das unidades da Mangalô Montessori School. Para essas construções, foi escolhido o método “woodframe”. 

Fernando Teles fundou a ONG Mangalô, holding de negócios sociais que atua na área da educação Foto: Bruno Nogueirão/Estadão

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Pouco conhecido no Brasil, esse sistema construtivo é utilizado em países como Estados Unidos, Alemanha, Japão e Chile. Desenvolvido para trazer maior agilidade às obras e criar menos poluentes, em vez da tradicional alvenaria, a estrutura da construção “woodframe” é feita com madeira de florestas plantadas e certificadas – o que torna o recurso 100% renovável. 

Geralmente, os revestimentos das construções “woodframe” também são feitos de painéis de madeira, mas, no caso das escolas da ONG Mangalô, há um diferencial a mais de sustentabilidade. Das paredes ao teto, são utilizadas chapas e telhas ecológicas feitas de plástico e alumínio reciclado. Trata-se de uma tecnologia da empresa brasileira Ibaplac, que transforma caixas longa vida, tubos de pasta de dente, canudinhos e outras embalagens em produtos impermeáveis de alta resistência e durabilidade. 

Para Fernando Teles, fundador da ONG Mangalô, utilizar essas chapas e telhas ecológicas na construção das escolas é motivo de orgulho. “Nós, brasileiros, conseguimos achar uma solução para a problemática dos resíduos sólidos plásticos”, diz. “Mais que isso, chegamos a um produto final que tem uma vida útil longa, porque vira uma escola, uma casa.” Na segunda unidade da Mangalô Montessori School, foram utilizadas cerca de 2,5 milhões de embalagens recicladas, totalizando 9,5 toneladas. 

Como têm alumínio em sua composição (que reflete os raios ultravioleta), as chapas e telhas ecológicas da Ibaplac proporcionam conforto térmico às construções, evitando o uso contínuo de ventiladores ou aparelhos de ar-condicionado. Como consequência, também diminui o consumo de energia elétrica. Além disso, as chapas e telhas têm uma estrutura flexível que não trinca e não propaga fogo ou som. 

SUSTENTABILIDADE

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Em comparação com a construção convencional de alvenaria – criticada por ser poluente –, o “woodframe” sustentável adotado nas escolas da ONG Mangalô emite 90% menos CO2, utiliza 90% menos água e produz 95% menos resíduos. Inclusive, as “sobras” geradas pelos cortes das chapas e telhas ecológicas são devolvidas para a empresa fabricante, que as reutiliza, transformando-as em novos produtos. No caso da água, a economia significativa se dá porque não há produção de argamassa (cimento, areia e água) para a estrutura e/ou paredes da construção. 

Outras vantagens do “woodframe” sustentável são uma maior agilidade e um custo menor. Como é uma construção seca e mais leve, com menos processos em comparação com a alvenaria, demanda equipamentos menos robustos para transporte e armazenamento, além de reduzir o uso de mão de obra no canteiro. Segundo Fernando Teles, a agilidade chega a ser em torno de 60% a 70% mais rápida e, dependendo do projeto, o custo total varia de 30% a 70% mais barato que a alvenaria. 

“Se espalhássemos esse método para o País todo, reduziríamos drasticamente o déficit habitacional, que é um absurdo no Brasil”, afirma Teles. Para o fundador da ONG Mangalô, grande parte do problema está relacionada ao sistema construtivo. “Estamos presos à alvenaria que é extremamente poluente, cara e com execução dificultosa”, diz.

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