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Começa distribuição de novas sacolinhas em mercados de SP

Clientes apoiam medida, mas há dúvidas sobre novo sistema; estabelecimentos podem cobrar até R$ 0,08 por unidade

Por Caio do Valle
Atualização:

Atualizada às 16h48.

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SÃO PAULO - Começou neste domingo, 5, a distribuição dos novos dois modelos de sacolinhas plásticas na capital paulista. Em quatro supermercados visitados pelo Estado nesta manhã, clientes se disseram favoráveis à mudança, mas outros ainda desconheciam a novidade. Uma lei municipal prevê que, a partir de agora, só esses saquinhos poderão ficar à disposição dos clientes, abolindo as velhas sacolinhas brancas. A medida tem como finalidade estimular a separação do lixo entre resíduos recicláveis e orgânicos. Os varejistas poderão cobrar até R$ 0,08 por unidade.

Em todos os estabelecimentos avaliados, já estava acontecendo a distribuição das novas sacolinhas. Elas vêm em duas cores: verde, destinada para o descarte de itens recicláveis, e cinza, para os demais resíduos, incluindo orgânicos, papel higiênico, fraldas e absorventes. As sacolas trazem estampadas em si as orientações para o seu uso correto. Segundo a Prefeitura, a fiscalização ocorrerá após denúncias contra o desrespeito de estabelecimentos.

"Nosso objetivo não é criar uma indústria da multa", afirmou o prefeito Fernando Haddad sobre a fiscalização da Lei das Sacolinhas em São Paulo. Foto: Sérgio Castro/Estadão

No Extra da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na região central, as sacolinhas ainda eram distribuídas gratuitamente para os consumidores. A partir de segunda-feira, 6, custarão, cada unidade, R$ 0,08. Pelo sistema interno de som, inserções comerciais estimulavam os clientes a adotarem sacolas retornáveis nas suas compras. "Mas e quem vem da rua e não de casa? Como vou levar embora, se não tenho a retornável comigo? Tinham que arrumar uma solução gratuita", disse a aposentada Nilza Azevedo Silva, de 73 anos, que não sabia da alteração.

Já a cuidadora infantil Beatriz Lima, de 29 anos, comprava um ovo de Páscoa. "Já vim preparada", afirmou ela, que levou para o supermercado uma sacola plástica de uma loja de roupas, pensando que já fosse ser cobrada pela nova sacolinha.

O Sonda da Vila Prudente, na zona leste, também distribuía os dois tipos de sacolinhas, mas já cobrava os R$ 0,08 por unidade de quem desejasse adquiri-las. A operadora do caixa por onde passou o mecânico Wailton Reis, de 21 anos, perguntou se ele, que comprava duas garrafas grandes de refrigerantes, desejava as novas sacolinhas. Foi esclarecido de que tinha que desembolsar pelos saquinhos e mesmo assim decidiu levá-los. "Não estava sabendo de nada disso e nem que tinha diferença entre a verde e a cinza. Acho que precisavam divulgar melhor, fazer uma campanha para esclarecer", disse ele, que pretende passar a usar sacolas retornáveis.

No bairro do Limão, na zona norte, o Carrefour também distribuía as sacolinhas novas gratuitamente para os clientes. Na segunda-feira, já serão cobradas.

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O aposentado Carlos Alberto Pizarro, de 65 anos, aprovou a mudança dos saquinhos. "Vai ser bom para o meio ambiente. Fora que, agora, com as pessoas tendo que pagar, vão dar mais valor para elas, usando-as melhor."

A opinião da professora Graziela Azeredo, de 30 anos, é parecida. "Se as sacolinhas passarem a ser recolhidas dessa forma, de acordo com a cor e a destinação correta, vai ser legal. Se não, a mudança não vai fazer sentido", disse ela, que comprava no hipermercado Záffari da Pompeia, na zona oeste. Naquele estabelecimento, as sacolinhas são distribuídas sem cobrança aos clientes.

A lei que prevê novas sacolinhas foi publicada pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) em 2011. A atual gestão regulamentou essa legislação por meio de um decreto editado em janeiro. O prazo original era de sessenta dias para que houvesse a adaptação aos novos modelos. Haverá dois tipos de sacolinhas: um na cor verde, onde deve ser descartado o lixo reciclável, e um cinza, para os outros resíduos.

Algumas entidades, como a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), pediram à Prefeitura um período maior para a adaptação.

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"Já combinamos esse prazo duas vezes. Tenho toda a boa vontade do mundo de mediar, mas a questão do resíduo sólido em São Paulo precisa ter uma equação definitiva", disse Haddad, que destacou que, como vem ocorrendo hoje, o lixo reciclável pode ir parar nos aterros sanitários. "Investimos mais de R$ 60 milhões nas centrais mecanizadas de triagem. Há anos as pessoas reclamam que São Paulo não faz a coleta seletiva. Quando fazia, não tinha central de triagem. Agora que tem, não tem resíduo sólido para triar? Não faz sentido."

As novas sacolinhas terão que ser produzidas com material biodegradável. Elas trarão estampadas explicações sobre o descarte correto do lixo. A multa para estabelecimentos que não respeitarem a lei poderá custar de R$ 500 a R$ 2 milhões. Já os consumidores poderão ter de pagar R$ 500.

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