Carrefour vai patrocinar proteção de reserva florestal em Rondônia

Patrocínio consistirá no repasse anual de R$ 4 milhões dentro do programa 'Adote um parque', do Ministério do Meio Ambiente

PUBLICIDADE

Foto do author André Borges
Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA - A rede de supermercados Carrefour vai patrocinar a proteção da primeira unidade de conservação federal, dentro do programa “Adote um parque”, do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O patrocínio consistirá no repasse anual de R$ 4 milhões pelo Carrefour. 

PUBLICIDADE

O Estadão apurou que o Carrefour vai apoiar a proteção da Reserva Extrativista do Lago do Cuniã, que é fiscalizada pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e continuará sob seu comando. As chamadas “reservas extrativistas”, conhecidas como resex, são áreas de controle ambiental mais flexível, diferentes de outras unidades, como os parques nacionais (parna), onde a exploração comercial é proibida. 

Em uma resex é possível realizar, por exemplo, extrativismo de madeira e agricultura de subsistência, além de criação de animais de pequeno porte, para manutenção de populações locais. A reserva Lago do Cuniã, que está localizada no bioma Amazônia, tem área total de 75,8 mil hectares e foi criada em 1999.

O recurso repassado pelo Carrefour deve ser usado em medidas de proteção e fiscalização dessa área. Em troca, a empresa pode fazer ações de publicidade sobre o projeto que ajuda a proteger. 

Nas contas do MMA, o ICMBio, que tem sido alvo constante de cortes em seu orçamento, contava com apenas R$ 210 mil por ano para dedicar à Lago do Cuniã. A expectativa é de que, em duas semanas, a ação do Carrefour já esteja em operação.

O ministro do MMA, Ricardo Salles, disse que se trata de uma ação inicial, que logo deve atrair mais empresas. “É uma excelente demonstração de como ajudar, de fato, na preservação da Amazônia”, comentou.

Em setembro do ano passado, Salles disse que 15 empresas tinham registrado “manifestação de interesse” em aderir ao projeto. Hoje, segundo apurou o Estadão, há oito empresas em fase mais avançada para aderir à iniciativa. 

Publicidade

Por meio de nota, o Carrefour Brasil informou que “avalia positivamente o programa do Governo Federal ‘Adote um Parque’ e vem seguindo os trâmites administrativos referentes à adoção de uma das Unidades de Conservação Ambiental da Amazônia, que depende de aprovação dos órgãos responsáveis”.

Carrefour Foto: Pedro Jordão

A ação tem sido apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente como uma das principais medidas frente à enxurrada de críticas contra a política ambiental do governo. As florestas protegidas, conhecidas como unidades de conservação federais, são administradas pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). Há 132 unidades desse tipo na Amazônia, de diferentes tipos e tamanhos. Juntas, essas áreas respondem por 15% de todo o bioma amazônico.

O programa prevê que, ao assumir um parque, a empresa passa a ser sua patrocinadora pelo prazo de um ano. Vencido esse prazo, a unidade pode ser novamente oferecida à mesma companhia ou a terceiros. 

No ano passado, Ricardo Salles citou o programa em resposta a Leonardo DiCaprio. Pelo Twitter, questionou se o ator apoiaria a iniciativa para a preservação da Amazônia. Foi uma reação, após DiCaprio compartilhar a publicação de uma campanha que critica a política ambiental do governo Jair Bolsonaro na Amazônia. 

PUBLICIDADE

"Querido, @LeoDiCaprio, o Brasil está lançando o projeto Adote um Parque, que permite que você ou qualquer outra empresa ou pessoa escolha um dos 132 parques da Amazônia e diretamente o patrocine com 10 euros por hectare por ano".

Salles terminou a publicação com a expressão em inglês "are you going to put your money where your mouth is?" (vai colocar dinheiro onde está a sua boca?, em tradução livre). A expressão significa mostrar pelas próprias ações e não apenas por palavras ou apoio a uma causa.

DiCaprio havia publicado um vídeo em suas redes sociais feito pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil com a campanha 'Defund Bolsonaro' (Corte o financiamento de Bolsonaro). A iniciativa pedia o boicote de empresas de soja, carne e couro que, segundo a organização, ao lado do atual governo brasileiro, estariam relacionadas com queimadas na Amazônia.

Publicidade

Imagem

A rede Carrefour enfrentou uma série de protestos no Brasil, desde o fim do ano passado, quando seguranças da rede espancaram até a morte João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, em uma loja de Porto Alegre. 

Em dezembro, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou seis pessoas pelo crime que ocorreu na noite da véspera do Dia da Consciência Negra, gerando uma série de protestos contra o racismo por cidades brasileiras.

Publicidade