PUBLICIDADE

Camada de espuma branca e tóxica cobre trecho do Rio Tietê em Salto

O lençol de espuma se formava a partir da barragem da Usina São Pedro e atingia toda a largura do rio, estendendo-se por cerca de seis quilômetros

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – Uma camada de espuma branca cobre o Rio Tietê, no trecho que margeia a Estrada dos Romeiros, desde a manhã de sexta-feira, 21, em Salto, interior de São Paulo. O problema persiste na manhã deste sábado. Um lençol de espuma se forma a partir da barragem da Usina São Pedro e atingia toda a largura do rio, estendendo-se por cerca de seis quilômetros. Turistas que passavam pela estrada-parque registraram o fenômeno.

Espuma tóxica cobriu o Rio Tietê, no trecho que margeia a Estrada dos Romeiros, em Salto, nesta sexta, 21 de junho Foto: Taciane Costa/Arquivo Pessoal

PUBLICIDADE

Conforme a ambientalista Malu Ribeiro, da SOS Mata Atlântica, a espuma é resultado dos produtos químicos, especialmente detergentes e sabão em pó, que são despejados junto com o esgoto, em municípios da Grande São Paulo cortados pelo Tietê. O produto emana um gás que é tóxico e causa irritação na garganta. “A espuma é resultado de biodegradáveis que estão na água, mas ela retira do rio outros contaminantes, inclusive bactérias que estão na água e que são dispersados no ar”, disse.

Quando a espuma é carregada pelo vento, também pode causar manchas na pele e na roupa. “Essa espuma faz mal, é importante que as pessoas evitem praticar esportes na região da estrada parque nesse período, porque ao inalar isso a pessoa vai correr o risco de aspirar esses contaminantes. Além do ar seco, o vento ajuda a propagar os gases que saem da espuma.” 

Segundo ela, ao respirar próximo do rio, a pessoa está não só sentindo o odor forte e intenso do gás sulfídrico, mas inalando também esses contaminantes. "As pessoas que andam de bicicleta, fazem caminhadas ou param para tirar fotos, precisam tomar muito cuidado para não ter contato com essas gotículas. Se isso acontecer, é preciso lavar muito bem o local, pois traz todos esses poluentes, por isso ela é perigosa.”

O problema da poluição se agrava neste período do ano, em que o rio está com baixa vazão. Com pouca água, os poluentes se concentram. A espuma se forma quando a água é movimentada, ao passar pela barragem da represa e pelas corredeiras. Um laudo elaborado em 2017 pelo Laboratório de Microbiologia da Universidade de São Caetano do Sul apontou a presença de grupos de bactérias e alta concentração de metais pesados, como manganês e cobre, na espuma do Tietê.

O problema é recorrente no trecho do rio que vai de Pirapora do Bom Jesus até Salto. Nessa cidade, já houve formação de espuma em grande quantidade, no dia 3 deste mês, no Complexo Turístico da Cachoeira, na região central. Conforme a prefeitura, a poluição do rio prejudica o turismo. Pior que a espuma, segundo o município, é o carreamento de lixo para os pontos turísticos da cidade quando acontecem chuvas fortes na Grande São Paulo.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou que uma equipe de técnicos foi mobilizada para inspecionar o rio e elaborar um relatório sobre a causa da espuma.

Publicidade

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.