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Califórnia recorre a presos para enfrentar incêndios florestais

Por ADAM TANNER
Atualização:

Ao enfrentar uma das séries mais devastadoras de incêndios florestais de sua história, o Estado da Califórnia passou a utilizar um número recorde de prisioneiros em algumas das atividades mais extenuantes envolvidas nesses esforços. Na madrugada de sexta-feira, mulheres como Carmen Rebelez, 38, condenada por crime relacionado às drogas, e Michelle Millard, 33, que cumpre uma pena de cinco anos devido à falsificação de cheques e dinheiro, arrancavam plantas e tiravam galhos de uma área sujeita às chamas. A ação tem por objetivo criar um perímetro do redor do foco de incêndio batizado de Witch, um dos mais perigosos dentro dos existentes atualmente, impedindo-o de espalhar-se ainda mais. "Eu cumpri pena minha vida toda, desde os 14 anos", disse Millard. "Era hora de eu aprender alguma coisa diferente." Rebelez acrescentou: "Quero mudar de vida. Assim, quando sair, posso fazer algo positivo. Fizemos algumas escolhas erradas e estamos nos esforçando para mudar". Dos cerca de 9.000 bombeiros que enfrentam as chamas no sul da Califórnia, cerca de 3.000 são prisioneiros. Os detentos costumam descontar dois dias de suas penas para cada dia nas frentes de combate ao fogo. Cerca de 300 deles formam brigadas onde há apenas mulheres. Millard trabalhava com uma pequena equipe de mulheres em uma área distante, a cerca de duas horas de San Diego, na direção nordeste. A fim de chegar à região montanhosa que precisava da ação delas, as mulheres tiveram de caminhar por uma hora através de uma paisagem de árvores e arbustos queimados. "Esse é um trabalho extenuante. É o mais duro que já tive", disse Tonya Randall Evans, uma ex-faxineira de hotel condenada a cinco anos e meio de prisão por tráfico de cocaína. "Mas vai descontar seis meses da minha pena." A detenta Susan Segal, 42, caiu de uma altura de cerca de 7,5 metros na quinta-feira, na encosta de um morro, mas logo regressou ao trabalho. Ela e as outras prisioneiras usavam roupas de proteção na cor laranja (os bombeiros costumam usar cores amarelas), capacetes e mochilas pesando 27 quilos. O rosto delas estava preto devido à fuligem. Os detentos recebem cerca de 1 dólar por hora quando enfrentam os incêndios, um salário que o Departamento Prisional e de Reabilitação da Califórnia diz economizar aos cofres públicos 80 milhões de dólares ao ano.

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