Macacos como os bugios estão entre os animais mais barulhentos do mundo e usam seus gritos potentes para atrair fêmeas e assustar machos rivais. Mas os indivíduos que têm vozes mais fortes, em compensação, têm testículos menores e produzem menos esperma que os outros, diz um novo estudo.
A pesquisa, feita por cientistas da Universidades de Utah (Estados Unidos), Cambridge (Reino Unido) e Viena (Áustria), foi publicada nesta quinta-feira, 22, na revista científica Current Biology. De acordo com os autores, a evolução deu aos bugios um sistema vocal poderoso e complexo, o que dá às suas vocalizações frequências acústica semelhantes às dos rugidos de tigres.
Mas o novo estudo revela que nem todos os macacos são tão bem dotados: existe uma “compensação evolutiva” entre o tamanho do hióide - o osso oco na garganta que permite fazer o rugido ressoar - e o tamanho dos órgãos reprodutivos.
Em diferentes espécies de bugios, quanto maior o hióide, menor os testículos e menor a produção de esperma. Segundo uma das autoras do estudo, Leslie Knapp, da Universidade de Utah, as duas características permitem que os machos aumentem a eficiência reprodutiva, passando seus genes para os filhotes.
“São soluções diferentes para o mesmo problema. Não é possível produzir hióides e testículos grandes ao mesmo tempo. Isso provavelmente aconteceu porque os indivíduos de uma espécie produziam mais prole quando tinham hióides maiores. E em outras espécies, eles obtinham mais sucessos quando tinham testículos maiores”, afirmou Leslie.