Brigadistas dizem que estavam longe quando área em Alter do Chão começou a pegar fogo

Presos por suspeitas de orquestrar incêndios, membros da ONG Brigadas de Alter do Chão, foram soltos na sexta e deram entrevista neste domingo

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Por Samuel Alvarenga
Atualização:

SANTARÉM (PA)- Em entrevista neste domingo, 1.º, os quatro brigadistas que foram presos pela Polícia Civil de Santarém (PA), sob suspeita de participação nos incêndios que atingiram em setembro a região de Alter do Chão, afirmaram que estavam longe da área atingida na data em que começaram as queimadas.

Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano, Gustavo de Almeida Fernandes e Marcelo Aron Cwerner, membros da ONG Brigadas de Alter do Chão, foram presos na quarta-feira e soltos por determinação da Justiça na sexta-feira. Eles concederam entrevista à imprensa neste domingo e refutaram a acusação de que seriam os causadores das queimadas. Segundo afirmaram, vai "ser fácil" provar a inocência.

Os quatro membros da ONG Brigadas de Alter do Chão, que estavam detidos, foram libertados Foto: Susipe

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Uma conversa que envolve um diretor de uma ONG foi considerada pela polícia como principal elemento que liga ambientalistas e brigadistas a incêndios na região. O áudio usado para pedir a prisão do grupo deixa claro, para a polícia, que os incêndios foram orquestrados. Mas nenhum elemento ligado a perícia, testemunhas ou imagens conclusivas é apresentado no documento, ao qual o Estado teve acesso. 

Na data em que começaram os incêndios, 14 de setembro, os quatro afirmaram estarem distantes da área. Govino disse estar em viagem de trabalho com fotografia particular. "Estava na Flona (Floresta Nacional do Tapajós), sem sinal. Quando estava voltando próximo de Cajutuba (praia do município de Belterra), voltou o sinal e comecei a ver a movimentação no nosso grupo de WhatsApp, grupo que tem brigadistas, policiais, bombeiros, gente da administração da Vila de Alter do Chão. Vi a coluna de fumaça, atravessando o Tapajós, a 20 km."

Cwerner informou que na data ocorria uma tradicional procissão fluvial em busca dos mastros da festa do Çairé e ele estava conduzindo turistas com seu barco pelo Lago Verde. "Nesse dia, fui com meu barco acompanhar a procissão com algumas amigas e de lá a gente foi até Pindobal para almoçar e passamos a tarde inteira por lá. Na volta, também pude avistar do rio a coluna de fumaça."

Fernandes estava participando do casamento do irmão de sua namorada, no interior de São Paulo. "Estava na cidade de Batatais e recebi pelo WhatsApp de brigadistas que havia um grande incêndio e que era de altas proporções. Naquele momento foi até difícil para mim festejar um casamento, sabendo da ajuda que todos estavam precisando aqui."

Romano era o único que estava em Alter do Chão, mas segundo ele, bem longe da área. "No momento do incêndio estava na minha casa e chegou a foto, era uma coluna de fumaça muito grande, nunca tinha visto uma coluna de fumaça preta. A partir daí, partimos para o primeiro passo que foi a detecção."

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"É inacreditável. É irreal estarmos passando por tudo isso. Esperamos ser inocentados o mais rápido possível. A gente tem confiança total de que será feita uma defesa muito boa e fácil. Fácil porque temos a verdade do nosso lado", concluíram.

Soltura

Na última sexta-feira, o juiz Alexandre Rizzi, da 1ª Vara da Comarca de Santarém, soltou os quatro membros da ONG Brigadas de Alter do Chão, no Pará. Eles são ligados aos brigadistas de Alter do Chão, ao Instituto Aquífero Alter do Chão e ao Projeto Saúde e Alegria. 

Na justificativa para a soltura, Rizzi argumentou que a Polícia Civil do Pará, em suas buscas, recolheu “enorme quantidade” de aparelhos eletrônicos e documentos, o que deverá demandar muito tempo para apuração. Por isso, não se justificaria a manutenção da prisão preventiva, uma vez que os quatro detidos também prestaram informações ontem à investigação.

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