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Brasileiro é detido em protesto do Greenpeace na Indonésia

Ativistas se acorrentaram às escavadeiras de uma fábrica de celulose em ação contra o desmatamento no país

Por Efe
Atualização:

A Polícia da Indonésia deteve nesta sexta-feira, 13, 34 ativistas do Greenpeace, entre eles um brasileiro, por terem se acorrentado às escavadeiras de uma fábrica de celulose. Agnaldo Almeida Vasconselos permanece confinados, junto com cidadãos de Alemanha, Bélgica, Espanha, Filipinas, Finlândia e Indonésia nas dependências policiais da cidade de Pangkalan Kerinci, na ilha de Sumatra.

 

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"A Polícia está interrogando os ativistas e existe a possibilidade de que os estrangeiros sejam deportados", disse à Agência Efe Bustar Maitar, responsável pelas campanhas florestais do Greenpeace na Indonésia.

 

Os ativistas foram mobilizados pela ONG para realizar uma campanha na península de Kampar, uma região selvagem em processo de desmatamento, e chamar a atenção para o problema. A ação incluía repercussão midiática, formação de comunidades locais e a construção de várias represas nos canais abertos pela companhia APRIL, gigante do ramo do papel e da celulose, para secar extensas zonas florestais que a companhia obteve do Governo para sua exploração.

 

"Estamos aqui para combater o desmatamento, a mudança climática e os interesses de alguns no curto prazo", disse à Agência Efe o espanhol Jesús Roller em Tanjung Sesenduk, alguns dias antes de ser detido. "Estamos construindo uma represa para evitar que este ecossistema se desidrate. Estes solos são especialmente ricos em nutrientes e gás carbônico (CO2) graças à temperatura e à umidade dos trópicos e morrerá se ficar sem água", explica Roller.

 

O espanhol Jesús Roller (à esquerda) em Tanjung Sesenduk, alguns dias antes de ser detido.

 

Especialistas estimam que 4% das emissões humanas globais de CO2 vêm da destruição de florestas na Indonésia. Considerada pelo Greenpeace com o epicentro do desmatamento na Indonésia, a península de Kampar se estende por quais 700 mil hectares de florestas tropicais.

 

Desde 2002, 43% da floresta foram destruídos, enquanto o Governo entregou o resto em concessões produtivas a fábricas de celulose, madeireiras e plantações para a produção de óleo de palma - no auge por causa dos biocombustíveis -, preservando só 40 mil hectares.

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O Greenpace sustenta que derrubar estas florestas, além de acabar com um rico ecossistema e acelerar a mudança climática, é ilegal pela legislação indonésia e exige do Governo que retire as permissões da APRIL.

 

A empresa nega cometer qualquer infração e defende o direito de continuar com suas operações. "Estão arruinando o entorno. Os lucros econômicos destas empresas são pão hoje e fome amanhã", sentencia Roller.

 

Terceiro país em massa florestal, a Indonésia já é o terceiro maior emissor de CO2, atrás da China e dos Estados Unidos, devido principalmente ao desmatamento. O presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, se comprometeu a reduzir as emissões de CO2 em até 41% se os países industrializados lhe apoiavam financeiramente.

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