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Pesquisadora brasileira Thelma Krug é eleita vice-presidente do IPCC

Especializada em estatísticas espaciais e sensoriamento remoto, ela foi copresidente da força-tarefa do painel sobre inventários

Por Giovana Girardi
Atualização:

Atualizado às 19h40

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SÃO PAULO - A matemática brasileira Thelma Krug, de 64 anos, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi eleita nesta quarta-feira, 7, para uma das vice-presidências do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). 

Thelma vai dividir o cargo com a norte-americana Ko Barrett, da agência para oceanos e atmosfera dos EUA (Noaa) e o malês Youba Sokona, diretor de Desenvolvimento Sustentável do South Centre, na Suíça.

Thelma Krug explicou ao 'Estado', em setembro, que apesar de já terem ocorrido avanços na área, os impactos regionais ainda precisam ser mais bem conhecidos Foto: EFE

Na terça-feira, 6, o economista sul-coreano Hoesung Lee havia sido eleito presidente do painel internacional de cientistas. O grupo, ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), acessa o conhecimento ligado às mudanças climáticas e produz relatórios com o melhor da ciência sobre o tema e que são voltados para guiar políticos a tomarem decisões sobre o problema. 

São esses relatórios que mostram, sem sombra de dúvidas, que o planeta está aquecendo por conta de atividades humanas que geram gases de efeito estufa em excesso.

Especializada em estatísticas espaciais e sensoriamento remoto, Thelma foi copresidente da força-tarefa do IPCC para criar normas sobre como os países devem fazer seus inventários de emissões de gases de efeito estufa. A pesquisadora foi secretária nacional de Mudança Climática do Ministério do Meio Ambiente (no governo Lula), uma das responsáveis pela implementação do sistema de monitoramento por satélite da Amazônia – o Prodes, que aponta a taxa oficial de desmatamento – e pelo primeiro inventário nacional de emissões de gases estufa.

Em entrevista ao Estado, a pesquisadora afirma que um dos maiores desafios que o painel científico tem daqui para frente é melhorar a produção de informações mais regionalizadas sobre as mudanças climáticas. “É fundamental que os formuladores de políticas sejam mais bem comunicados dos impactos e riscos potenciais, permitindo, assim, que possam tomar decisões. Isso depende de uma melhora dos modelos regionais, o que ainda é um desafio grande para a comunidade que trabalha com modelos climáticos. Há esperança de que esses modelos sejam aperfeiçoados no próximo relatório de avaliação do IPCC, que se inicia sob esse novo conselho”, disse.

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A pesquisadora também ecoa uma das propostas do presidente Lee de aumentar a participação de pesquisadores dos países em desenvolvimento no painel. “Há uma menção recorrente de que existe uma lacuna de dados e informações de países em desenvolvimento. Na minha opinião, esses dados existem em vários desses países, mas não são facilmente identificados”, afirma.

“A identificação e o fortalecimento de redes existentes de pesquisa, particularmente regionais, pode ser útil para ajudar a superar essa questão. Cada um dos três vice presidentes poderia concentrar-se em duas regiões”, sugere. 

Mais mulheres. Além de Thelma e Ko Barrett, outras duas mulheres foram escolhidas entre as seis vagas de copresidência dos grupos de trabalho do IPCC na eleição que está sendo atualmente realizada na Croácia. Para a brasileira, essa foi a maior mudança em relação ao quadro anterior, que tinha em sua maioria homens. 

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