Brasil e mais 169 países assinam acordo sobre mudança climática

Maior tratado da história da ONU prevê compromissos nacionais para reduzir aquecimento; texto terá de passar pelo Congresso

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Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Cláudia Trevisan
Atualização:
Dilma: 'O caminho que teremos de percorrer agora será ainda mais desafiador: transformar nossas ambiciosas aspirações em resultados concretos' Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Representantes de 170 países assinaram nesta sexta-feira, 22, o Acordo de Paris sobre mudança climática, batendo o recorde da história da Organização das Nações Unidas (ONU) de adesão a um tratado internacional em um único dia. Mas todos ouviram o alerta do secretário-geral da entidade, Ban Ki-Moon, de que as boas intenções terão pouco impacto se a convenção não for ratificada pelos países o mais breve possível. Sem isso, o tratado não entrará em vigor. 

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“Estamos em uma corrida contra o tempo”, disse Ban no discurso de abertura da cerimônia, no plenário da ONU em Nova York. A urgência foi enfatizada por vários chefes de Estado, incluindo os presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, e da França, François Hollande. 

Dilma assegurou “a pronta entrada em vigor” da convenção, mas essa decisão depende do Congresso. “O caminho que teremos de percorrer agora será ainda mais desafiador: transformar nossas ambiciosas aspirações em resultados concretos”, disse a presidente em seu discurso. E repetiu os compromissos assumidos pelo Brasil durante a negociação do tratado, entre os quais a promessa de reduzir em 37% a emissão de gases poluentes até 2025, na comparação com os patamares registrados em 2005. 

Frustração. Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima, disse que Dilma frustrou as expectativas de entidades ambientais que esperavam uma sinalização clara de que o Brasil assumirá metas mais ambiciosas em 2018, quando haverá uma avaliação dos resultados do acordo. “O Brasil precisa reconhecer que deve fazer mais que o prometido no ano passado”, disse. “Todos devem, porque estamos na trajetória de 3ºC de aquecimento.”

Aprovado por representantes de 195 nações em dezembro, o tratado prevê uma série de compromissos nacionais com o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a 2ºC até o fim do século, em relação ao patamar anterior ao período industrial. Para que entre em vigor, o Acordo de Paris precisa ser ratificado por pelo menos 55 países que representem ao menos 55% das emissões de gases do efeito estufa. 

“A era do consumo sem consequências chegou ao fim. Nós temos de intensificar os esforços para ‘descarbonizar’ nossas economias”, ressaltou o secretário-geral das Nações Unidas. Além do caráter simbólico, a cerimônia desta sexta tinha o objetivo de mobilizar os líderes mundiais em torno da ratificação do acordo, de forma que entre em vigor no próximo ano e não em 2020, como inicialmente previsto.

Primeiro a discursar, o presidente da França lembrou que Paris vivia uma situação trágica em dezembro, sob o impacto dos atentados terroristas que haviam provocado a morte de 130 pessoas no mês anterior. Ainda assim, ressaltou, foi possível fechar o acordo histórico sobre mudança climática.

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