PUBLICIDADE

Brasil, China e Índia negociam meta conjunta para Copenhague

Em encontro convocado às pressas, países reafirmam exigência de redução de 40% das emissões de gases-estufa

Por Cláudia Trevisan e correspondente de O Estado de S.Paulo
Atualização:

Representantes do Brasil, China, Índia e África do Sul se reuniram nos dois últimos dias em Pequim para definir uma posição conjunta a ser levada à Conferência do Clima de Copenhague, na qual reafirmaram a exigência de redução de 40% das emissões de gases-estufa dos países ricos até 2020 em relação ao patamar de 1990. "Com uma posição unificada, nós poderemos fazer o que os Estados Unidos fizeram em negociações internacionais recentes, que é o 'name and shame' , que significa identificar o culpado pelo eventual fracasso das negociações e atribuir responsabilidades", disse hoje em Pequim o representante do Brasil no encontro, embaixador Marcelo Biato, da assessoria internacional da Presidência da República.

 

Veja também:

PUBLICIDADE

 

O encontro foi convocado às pressas pelo governo chinês na terça-feira. Além do objetivo de coordenar posições, ele reflete a preocupação de Pequim em não ser transformado em "bode expiatório" de um eventual fiasco em Copenhague, avaliou Biato.  A reunião teve a participação dos ministros do Meio Ambiente de China, Índia e África do Sul. O Brasil deveria ter sido representado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, mas ela não pôde comparecer por problemas de agenda.

Todos se encontraram na sexta-feira com o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, que defendeu a necessidade de os países em desenvolvimento chegarem a Copenhague com uma posição única, para não ficarem à mercê das posições dos países ricos. Brasil e China já apresentaram propostas de reduzir ou controlar o aumento de suas emissões. A Índia revelou no encontro de Pequim que também apresentará um plano em Copenhague, o que deve aumentar o poder de pressão dos emergentes sobre os ricos. "Nós temos a percepção de que os países desenvolvidos estão se armando e precisamos ter a nossa posição, para não ficar a reboque deles", ressaltou Biato. Segundo ele, o objetivo é chegar à conferência com documentos que prevejam medidas concretas do grupo e exijam a contrapartida dos países ricos.

A reunião de Pequim reafirmou ainda o princípio do protocolo de Kyoto de responsabilidades compartilhadas, mas diferenciadas, pelo qual os países desenvolvidos têm que apresentar metas quantitativas e mandatórias para corte de suas emissões. "As medidas internas dos países em desenvolvimento são obrigatórias domesticamente, mas não podem ser cobradas pela comunidade internacional. Nós temos potencial para contribuir mais na questão do aquecimento global, mas sem quebrar o espírito do protocolo de Kyoto", afirmou Biato. O diplomata considerou insuficiente a proposta dos Estados Unidos de reduzirem suas emissões em 17% até 2020 sobre o patamar de 2005, o que equivale a um corte de apenas 4,8% em relação a 1990 - bem abaixo dos 40% pretendidos pelos emergentes.

Leandro Waldvogel, da divisão de meio ambiente do Ministério das Relações Exteriores, disse que a coordenação entre os países em desenvolvimento continuará no próximo fim de semana em Copenhague, com uma reunião de dois dias do G-77 mais China. Além disso, o grupo terá duas plenárias diárias no período de duração da conferência, que ocorrerá de 7 a 18 de dezembro. O objetivo de Copenhague é definir metas de redução nas emissões de gases efeito estufa dos países desenvolvidos para tentar evitar que a temperatura do planeta tenha elevação superior a 2ºC.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.