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Bolsonaro se nega a comentar aumento de desmatamento na Amazônia: 'assunto reservado'

Dados divulgados pelo ministério do Meio Ambiente nesta segu8nda-feira,18, mostraram que o desmatamento da Amazônia subiu 29,5% no ano, chegando perto de 10 mil km²

Por Mateus Vargas e Giovana Girardi
Atualização:

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O presidente Jair Bolsonaro (PSL) se negou a comentar, nesta terça-feira, 19, o aumento de 29,5% do desmatamento na Amazônia, maior taxa desde 2008. Bolsonaro disse que perguntas sobre estes dados não devem ser feitas a ele, mas ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

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Bolsonaro afirmou que tratou sobre o desmatamento com Salles, porém não poderia apresentar ações planejadas pelo governo, pois o assunto seria reservado. Salles deve se encontrar na quarta-feira, 20, com governadores da Amazônia Legal para tratar da crise ambiental na região. 

"É lógico que eu converso com ele (Salles). Não vou falar para você. Foi reservada a conversa. Eu não posso conversar reservadamente com o ministro e abrir para vocês aqui. Seria antiético da minha parte", disse o presidente.

Questionado se é um tema "reservado" o combate ao desmatamento, Bolsonaro respondeu: "Nós não queremos publicidade de nada que fazemos, queremos solução".

O governoBolsonaro pretende manter até o fim de 2022 as Forças Armadas na linha de frente do combate à devastação ambiental na Amazônia. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Em esforço para se descolar das repercussões sobre os dados da Amazônia, Bolsonaro afirmou que o "recorde" de desmate foi registrado durante a gestão de Marina Silva no Meio Ambiente (2003-2008), no governo governo do ex-presidente Lula (PT). "Vocês viram o desmatamento quando a Dilma foi ministra? A Dilma não, a Marina Silva, quando foi ministra, vocês viram? Foi recorde o desmatamento, então, não pergunte para mim, não".

O presidente participou nesta terça, 19, de cerimônia de hasteamento da bandeira nacional devido ao Dia da Bandeira. 

O desmatamento da Amazônia começou a ser monitorado oficialmente pelo Inpe com o Prodes em 1988, quando a destruição da floresta começou a ser criticada internacionalmente. A taxa do desmatamento caiu no período, mas voltou a subir no começo do anos 2000, alcançando um novo pico em 2004, segundo ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva: 27,8 mil km². 

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A então ministra Marina Silva iniciou uma série de ações para combater o desmatamento, fortalecendo principalmente a fiscalização e a criação de novas unidades de conservação. Foi com ela, também, que o Deter começou a fornecer os alertas, ajudando o Ibama, e o Fundo Amazônia começou a operar, em 2008.

A estratégia funcionou. Em 2012, o Prodes registrou a menor taxa de sua história - 4,6 mil km². O País parecia no caminho para conseguir alcançar uma meta estabelecida em 2009 de chegar a 2020 com um desmatamento de 3,9 mil km². A partir do ano seguinte, porém, com um novo Código Floresta em vigor, menos rígido do que o anterior, a taxa de desmatamento começou a flutuar na Amazônia em uma tendência de alta.

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