Bolsonaro diz que tendência é enviar Exército à Amazônia por GLO

Queimadas na floresta despertam preocupação de governos europeus e da comunidade científica; Ibama autoriza contratação de brigadas para combater incêndios

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Foto do author Luci Ribeiro
Por Julia Lindner e Luci Ribeiro (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que a "tendência" é que o governo acione tropas do Exército para auxiliar no combate aos incêndios na região amazônica, o que ocorreria por meio de uma operação de Garantia de Lei e da Ordem (GLO).

Integrantes do grupo Extinction Rebellion protestam na frente da embaixada brasileira em Londres nesta sexta-feira e pedem que o governo de Jair Bolsonaro reaja; queimadas na Amazônia despertam preocupação de europeus Foto: Frank Augstein/AP

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"É uma tendência. A tendência é essa, a gente fecha agora de manhã", disse o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta sexta-feira, 23.

Bolsonaro lembrou que organizou uma "reunião muito grande" no Planalto nesta quinta-feira, 22, para discutir a situação - oito ministros participaram do encontro.

"Discutimos muita coisa. O que estiver ao nosso alcance nós faremos", declarou o presidente.

Em seguida, questionado por jornalistas se isso contemplaria liberação de recursos, ele disse que "o problema é recurso".

Na noite de quinta, o governo publicou em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) despacho que determina que todos os ministros adotem "medidas necessárias para o levantamento e o combate a focos de incêndio na região da Amazônia Legal para a preservação e a defesa da Floresta Amazônica".

As queimadas recordes na região amazônica vêm despertando forte preocupação dos governos europeus e da comunidade científica, com ampla divulgação negativa sobre o governo Bolsonaro.

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A crise se intensificou após o presidente francês, Emmanuel Macron, falar em "crise internacional" a ser discutida pelo G-7, o grupo das nações mais ricas. Bolsonaro rebateu e disse que a sugestão "evoca mentalidade descabida no século 21". O presidente brasileiro ressaltou que o governo já está tratando do "crime" na área.

'Árdua é a missão de desenvolver e defender a Amazônia'

O presidente iniciou o discurso na cerimônia do Dia do Soldado, no Exército, dizendo que "árdua é a missão de desenvolver e defender a Amazônia".

"Muito mais difícil foi a missão dos nossos antepassados de conquistá-la e mantê-la", afirmou Bolsonaro.

Muito mais difícil foi a missão dos nossos antepassados de conquistá-la e mantê-la.

Jair Bolsonaro, presidente da República

Em sinal de apoio, Bolsonaro chegou ao evento acompanhado do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Sem citar nomes, Bolsonaro afirmou que o Brasil tem inimigos e que eles estão ganhando a "guerra da informação". 

"Não nos faltam inimigos, como os de sempre, que teimam em ganhar a guerra da informação", declarou.

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No discurso, Bolsonaro também voltou a dizer que o Brasil "está sob nova direção" e que o País "vai dar certo". Ele também reforçou que há "confiança mútua" entre ele e os ministros. O presidente ainda fez um agradecimento direcionado ao seu vice, Hamilton Mourão (PRTB).

Ibama autoriza contratação de brigadas federais para combater incêndios na Amazônia

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) a contratar brigadas federais para atuar em mais de 60 municípios de Estados da região amazônica atingidos por queimadas. A portaria com a decisão está publicada no DOU desta sexta e também libera a contratação desses profissionais para atuar em incêndios florestais em cidades de outros Estados do País.

A decisão levou em conta o estado de emergência ambiental reconhecido em abril pelo Ministério de Meio Ambiente nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima e Tocantins.

De acordo com a portaria, a seleção das áreas críticas foi feita pelo Prevfogo, com base em critérios técnicos como: as detecções de focos de calor registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no período de 2013 a 2018; a presença de unidades de conservação federais, de terras indígenas e de projetos de assentamento rurais; e a cobertura de remanescentes florestais.

O Centro Especializado Prevfogo será responsável pela seleção, contratação, administração e gerenciamento das atividades das brigadas, "para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público".

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