BNDES prevê R$ 120 bilhões para projetos verdes nos próximos cinco anos

De 2015 a 2021, financiamentos do banco evitaram emissões de 52 milhões de toneladas de gases-estufa

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Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - O comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estará na próxima semana na COP-26, em Glasgow, na Escócia. O objetivo será apresentar a instituição como “canal mobilizador” de recursos para “investimentos e financiamentos climáticos no Brasil”, informou seu diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental, Bruno Aranha. Na semana passada, foi lançado pelo governo federal o Plano Nacional de Crescimento Verde (PNCV), que procura aliar a redução de emissões de gases do efeito-estufa à preservação de florestas e ao uso racional de recursos naturais. O Ministério da Economia anunciou R$ 400 bilhões em linhas de crédito para esses projetos. Desse valor, R$ 120 bilhões serão do BNDES para os próximos cinco anos. Apenas os investimentos em energia renovável deverão receber R$ 40 bilhões.

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Segundo a instituição, de 2015, quando foi assinado o Acordo de Paris, para cá, o apoio do BNDES a investimentos em energia, florestas e mobilidade urbana evitaram que 52 milhões de toneladas de gases do efeito-estufa, medidas em dióxido de carbono equivalente (CO2e), fossem para a atmosfera. Aranha disse que esse montante equivale a 19 anos de gases emitidos só por carros em São Paulo. Ou às emissões de Paris ao longo de dez anos. Amaioria foi evitada com investimentos em energia. Foram 48 milhões de toneladas de CO2e que não foram para o ambiente. Os projetos de mobilidade urbana e de preservação de florestas evitaram a emissão de 3,5 milhões de toneladas CO2e e 455 mil toneladas de CO2e, respectivamente.

Ao todo, o BNDES aprovou R$ 36,1 bilhões em operações diretas de crédito. As aprovações ocorreramde 2015 a 2020. Financiaram os investimentos que evitaram essas emissões. “Nossa principal meta na conferência é mostrar que o BNDES é um canal mobilizador de recursos para investimentos e financiamentos climáticos no Brasil”, afirmou Aranha.

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Foto: Fabio Motta/Estadão

O diretor disse que a instituição tem “conhecimento técnico”, conhece a “realidade de negócios do País” e está próximo dos projetos de investimento. O banco também estrutura concessões e parcerias público-privadas. Também mobiliza recursos e instrumentos para financiar investimentos em desenvolvimento sustentável, explicou.

“O banco também pode prover veículos financeiros para atrair esses recursos para o Brasil. O banco foi pioneiro na emissão de ‘green bonds’ (títulos verdes) em 2017. Depois, emitiu Letras Financeiras (LFs) verdes, em 2020”, disse Aranha. Ele acrescentou que o BNDES também quer “desenvolver o mercado de carbono no Brasil”.

Tradicional financiador do setor elétrico, o BNDES anunciou recentemente que não financiará mais projetos de termelétricas a carvão. Trata-se de um dos combustíveis mais poluentes. É considerado uma das principais fontes de emissão de gases do efeito-estufa. O banco também tem tradição no financiamento de projetos de energia renovável. Foi assim na energia eólica. O banco subsidiou, com juros mais baixos, os investimentos pioneiros na produção energética a partir do vento, no início dos anos 2000.

De acordo com Aranha, o BNDES pretende continuar a fomentar novas tecnologias. Mas agora os subsídios tendem a ficar com o Tesouro Nacional. Estarão previstos no Orçamento. Não integrarão os juros oferecidos pelo banco. O executivo reconheceu a importância de investimentos privados e públicos no desenvolvimento inicial de tecnologias.

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“A parte do setor público pode ser através de subsídios diretamente providos pelo governo, dentro de uma realidade que o governo entenda que caiba no bolso dele. Temos desenvolvimentos que estão na fronteira, como o hidrogênio verde”, afirmou Aranha.

Na área de preservação ambiental e dos mercados de crédito de carbono, o diretor destacou o papel articulador do BNDES. No lado da “oferta”, o banco trabalha atualmente na estruturação de projetos de concessão de florestas nacionais e de parques nacionais. Poderão gerar créditos de carbono no futuro. Na ponta da demanda, seguirá próximo de setores que buscam financiamento para seus investimentos e precisarão compensar as suas emissões. Poderão fazê-lo com créditos de carbono.

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