Bandeiras progressistas devem ter eco na prática

Tão importante quanto a ideia que se levanta é o que a empresa faz realmente na prática, sob pena de risco à imagem

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Por Eduardo Geraque
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Nos três pilares do mundo ESG, ambiental, social e governança, tão importante quanto a ideia que se levanta é o que a empresa faz realmente na prática. Sob pena de os riscos à imagem de determinada corporação serem irreparáveis. “A corrida pelo tema ESG cria alguns riscos. Um deles, em termos mais gerais, é o de a empresa apresentar uma postura um pouco oportunista, de precisar levantar uma bandeira que algumas vezes não consegue representar na prática”, afirma a advogada Gabriela Guimarães, sócia da FourEthics Consultoria.

Dentro de cada um dos três temas, a consultora também enxerga várias situações onde problemas cruciais podem surgir. “Os grandes escândalos recentes de corrupção demonstram que nem sempre o respeito às práticas de governança vem sendo observado. No caso do pilar social, um grande risco são as ações de responsabilidade social da empresa, por exemplo, estarem sendo usadas para um pagamento indevido, voltado à corrupção”, analisa Gabriela. Um exemplo prático, afirma a representante da FourEthics, pode surgir em casos onde uma ONG indicada por um agente público é utilizada para uma atividade política e recebe por isso, algo que é vedado por lei desde 2015.

Na questão ambiental, lembra Gabriela, houve problemas com laudos fraudados para atender a exigências legais. “Às vezes são ações isoladas e cabe ao escritório de compliance trabalhar em conjunto e dar uma atenção especial. Os próprios empresários estão mais atentos a essa temática como um todo porque está demonstrado que os investidores, até agora a pessoa física, estão atentos também. É um assunto que traz mais retorno para as empresas e vai gerar maior longevidade para elas também.”

Educação

Toda essa mudança de cultura, na visão de Fabio Costa, gerente-geral da Salesforce Brasil, deve surgir também da educação. “Para que você transforme a percepção em relação à ética do respeito ao próximo, do respeito à comunidade a que você pertence.”

Os indivíduos de uma empresa, segundo Costa, precisam transmitir os mesmos valores não apenas intramuros, mas também quando eles vão para casa e interagem com a família, com o vizinho e com a comunidade. “O que a gente não pode deixar ocorrer, quando se fala de diversidade e inclusão, por exemplo, e isso às vezes ocorre, é que grupos minoritários, que não tenham muito compromisso com uma responsabilidade de transparência, contaminem a forma de atuar da organização como um todo”, afirma o executivo da Salesforce Brasil. Para Costa, nos casos emblemáticos de escândalos recentes, dificilmente uma dessas organizações citadas estava 100% envolvida com o problema. “São exceções na verdade. O que temos de fazer é identificar esses grupos dentro da organização”, afirma.