Avança desequilíbrio radioativo da Terra

Gases estufa contribuem com a situação e o dado se destaca entre os mais importantes do painel da ONU sobre clima

PUBLICIDADE

Por Andrei Netto e ESTOCOLMO
Atualização:

Fator determinante para o aquecimento global e a elevação do nível dos oceanos, o desequilíbrio radioativo da Terra aumentou 44% em seis anos. Ele é provocado em sua maior parte por emissões de gases de efeito estufa. A estimativa consta do rascunho do relatório que cientistas e delegados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas debatem nesta semana, em Estocolmo.O documento do primeiro grupo de trabalho do IPCC em 2013 está em discussão na capital sueca e deve ser divulgado entre quarta-feira, 25, e sexta-feira, 27, após o debate ainda em curso entre delegados de 195 países e a comunidade científica. No texto, há destaque para um novo dado sobre a chamada "forçante radioativa", uma unidade de medida que ajuda a comparar as responsabilidades humana e natural pelo aquecimento global.Segundo o IPCC, a forçante radioativa vem crescendo "mais rapidamente" desde 1970. "O total antropogênico (causado pelo homem) da forçante radioativa para 2011 é 44% maior em relação a 2005."O rascunho ainda é genérico sobre o tema, mas mostra a responsabilidade humana. "Há alta convicção de que isso aqueceu o oceano, derreteu neve e gelo, elevou o nível global do mar", diz o relatório.A sentença ainda pode evoluir até amanhã ou sexta-feira, quando o relatório final deve ser apresentado. Para o físico Paulo Artaxo, doutor em Física Atmosférica, professor da USP e membro do IPCC, as informações sobre o desequilíbrio radioativo são o que há de mais importante no relatório até aqui. "A forçante radioativa do relatório de 2007 era 1,6 watts por metro quadrado. Agora é de 2,2 watts por m². Isso significa que o homem está alterando muito o balanço radioativo terrestre", explicou ao Estado.Críticas. As estatísticas sobre o desequilíbrio radioativo são uma resposta importante da comunidade científica às críticas recentes sofridas pelo IPCC quanto à suposta "desaceleração" do aquecimento global. Os pesquisadores alegam que variações em intervalos curtos, como 15 anos, são normais e não mudam a tendência em longo prazo.Nessa terça-feira, 24, delegados de Brasil e Alemanha, por exemplo, defenderam que o trecho sobre "desaceleração" seja retirado do texto. Cientistas debateram o relatório das 9 horas até as 22 horas.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.