As conversações climáticas mediadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) precisam colocar de lado as esperanças de se aprovar um tratado para conter o aquecimento global e, a fim de evitar o fracasso, devem aceitar as metas de emissão dos países ricos, consideradas inadequadas por muitos cientistas, afirmou o diretor da agência para o clima, Halldor Thorgeirsson, na quinta-feira. O processo liderado pela ONU na conferência de Copenhague, em dezembro do ano passado, não conseguiu aprovar um documento sucessor ao Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Governos e especialistas no geral perderam as esperanças de que seja aprovado um tratado amplo na próxima grande reunião em Cancún, no México, no fim do ano. Há um sério risco de a conferência em Cancún bater na mesma rixa entre pobres e ricos ocorrida em Copenhague, sobre a divisão dos custos de combater a mudança climática, afirmou Thorgeirsson. "Os obstáculos para um resultado significativo em Cancún permanecem enormes. A probabilidade de continuar o impasse continua significativo, nós realmente precisamos enfrentar esse fato", disse ele numa conferência sobre o clima em Londres. "Mas esforços conjuntos...podem levar Cancún a uma série de incrementos, se não um progresso significativo." O mundo precisa se concentrar em acordos gradativos, disse ele, por exemplo para conter o desmatamento, e aceitar as promessas existentes para as emissões pós-2012 dos países desenvolvidos, a fim de estender Kyoto e evitar um período em que não haja nenhum acordo global em vigor. "Embora as promessas de mitigação fiquem aquém das expectativas...elas provavelmente não vão mudar no curto prazo", disse o executivo da ONU que há muito vem ajudando a promover as negociações. Um painel da ONU sugeriu em 2007 que os países industrializados deveriam cortar os gases do efeito estufa em entre 25 e 40 por cento abaixo dos níveis de 1990 até 2020 a fim de evitar o aquecimento global perigoso. As metas reais desses países, entretanto, chegam à metade do sugerido. Um novo tratado formal para combater a mudança climática terá de esperar, acrescentou Thorgeirsson. "Um novo tratado não é, de forma nenhuma, a única medida de sucesso. As partes parecem ter aceitado que a conferência de Cancún não produzirá um instrumento com força de lei. Isso não significa que um instrumento legalmente vinculante não apareça no futuro." (Reportagem de Gerard Wynn)