Ativistas veem pouco avanço na Cúpula do Clima da ONU

Os líderes fizeram poucas promessas para frear a mudança climática e satisfazer as exigências das centenas de milhares de pessoas que tomaram as ruas de todo o mundo no domingo

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Por Redação
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Secretário-geral da CARE International, disse que sua organização ficou "decepcionada de ver que a adaptação à mudança climática recebeu tão pouca atenção nesta cúpula" Foto: LUCAS JACKSON/REUTERS

Por Megan Rowling

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BARCELONA (Thomson Reuters Foundation) - Os líderes presentes à cúpula do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) fizeram poucas promessas para frear a mudança climática e satisfazer as exigências das centenas de milhares de pessoas que tomaram as ruas de todo o mundo no domingo pedindo ações ousadas, disseram grupos da sociedade civil.

Mas eles encontraram algum consolo no compromisso, embora limitado, assumido por alguns governos na terça-feira, assim como nos sinais de que os países estão dispostos a firmar um novo acordo climático no ano que vem em Paris com a meta de limitar o aquecimento global a dois graus Celsius.

Um exemplo são os vários Estados, como México e Coreia do Sul, que prometeram investir no incipiente Fundo Verde para o Clima da ONU, concebido para ajudar países vulneráveis a se adaptarem a condições climáticas extremas e ao aumento no nível dos mares e a se desenvolverem de maneira limpa.

De acordo com cifras da agência de assistência Oxfam, as novas promessas feitas em Nova York totalizam 1,325 bilhão de dólares, dos quais a França entrará com a fatia majoritária de um bilhão ao longo dos próximos quatro anos.

“O dinheiro começa a chegar ao Fundo Verde para o Clima, embora seja pouco mais que um conta-gotas”, disse Tim Gore, chefe de políticas climáticas da Oxfam. “Agora toda a atenção está voltada para aqueles que ainda faltam abrir a bolsa, como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália, Canadá, Japão e Nova Zelândia, e nos senões das promessas feitas (na terça-feira)”.

Os países em desenvolvimento pediram uma capitalização inicial de 15 bilhões de dólares no fundo, e a principal representante da ONU para o clima, Christiana Figueres, disse que deveria ser de no mínimo 10 bilhões de dólares.

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O total prometido até agora para o fundo – que fará sua primeira conferência de comprometimento em novembro, antes das conversas climáticas anuais da ONU no Peru – é de pouco mais de 2,3 bilhões de dólares.

Em separado, a Noruega afirmou que irá gastar até 300 milhões de dólares para apoiar um programa peruano de redução de emissões oriundas da destruição da quarta maior floresta tropical do mundo, e até 150 milhões de dólares para lidar com o desflorestamento causado pelo desmatamento, pela agricultura e pela produção de carvão na Libéria.

Enquanto isso, a União Europeia declarou que pretende destinar mais de 3 bilhões de euros, ou 3,8 bilhões de dólares, em subvenções para apoiar a energia sustentável em nações em desenvolvimento nos próximos sete anos.

INCERTEZAS Robert Glasser, secretário-geral da CARE International, disse que sua organização ficou “decepcionada de ver que a adaptação à mudança climática recebeu tão pouca atenção nesta cúpula”. “Embora várias iniciativas tenham sido anunciadas aqui e ali, com informações tão vagas dos governos, não está claro se elas representarão algum benefício para os mais pobres do mundo”, enfatizou. Líderes de 19 países, além de 32 investidores e outros parceiros, apoiaram a criação de um corredor de energia limpa de oito mil quilômetros de extensão através do leste e do sul da África. Embora o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, tenham dito aos líderes na cúpula que precisam ouvir as vozes das centenas de milhares de pessoas que participaram das manifestações sobre o clima no final de semana, houve quem questionasse o poder de penetração de sua mensagem. “Protestamos pela proibição de novos projetos com combustíveis fósseis e pelo incentivo e financiamento de sistemas de energia renovável comunitários e descentralizados”, afirmou a filipina Lidy Nacpil, diretora do Jubilee South, o Movimento da Ásia e do Pacífico sobre Dívida e Desenvolvimento. “Nenhum destes temas vingou na cúpula, parece que eles estavam ouvindo os patrocinadores privados, ao invés das pessoas”.

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