Ativista neozelandês é preso por invadir baleeiro no Japão

Pete Bethune, do grupo ambientalista Sea Shepherd, estava detido no barco japonês desde 15 de fevereiro

PUBLICIDADE

Por ISABEL REYNOLDS
Atualização:

A Guarda Costeira japonesa prendeu nesta sexta-feira, 12, um ativista neozelandês que invadiu um barco baleeiro na Antártida, depois de confronto entre caçadores e ambientalistas.

 

Veja também:

PUBLICIDADE

 

Pete Bethune, de 44 anos, capitão do Ady Gil, embarcação de alta tecnologia do grupo ambientalista Sea Shepherd, que foi danificada em uma colisão com um barco baleeiro japonês em janeiro, abordou o Shonan Maru 2 com um jet-ski, conseguiu se desvencilhar das redes que impediam invasões no barco e subiu ao convés aproveitando-se da escuridão, em 15 de fevereiro. A ONG à qual ele pertence disse que Bethune pretendia, na qualidade de cidadão, dar voz de prisão ao comandante do navio baleeiro. O ativista foi oficialmente preso assim que desembarcou no cais de Tóquio, que teve um trecho isolado com tapumes azuis para evitar o assédio da imprensa e de alguns manifestantes pró-baleeiros. Helicópteros da imprensa sobrevoavam a flotilha de embarcações que entrou na baía de Tóquio levando consigo Bethune, detido a bordo durante as quatro semanas que a viagem levou. As habituais tentativas do grupo ambientalista para impedir a caçada anual de baleias causa irritação no Japão, cujo governo diz que a prática baleeira é uma importante tradição cultural.

 

"É claro que diferentes pessoas e países podem ter sentimentos diferentes com relação à caça da baleia, mas as ações malignas da Pastor do Mar são perigosas e não podem ser aceitas", disse o primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, a jornalistas. "É óbvio que ele foi detido. Deveria ser investigado e julgado no Japão com base na verdade, mas acho que isso não irá abalar as relações com a Austrália ou a Nova Zelândia", acrescentou. "Queremos que o governo japonês puna o ativista o mais severamente possível sob a lei japonesa e peça ao governo da Nova Zelândia que retire o registro de navegação do Ady Gil", disse o manifestante Shuhei Nishimura. Uma fonte da Guarda Costeira disse à Reuters que Bethune parece estar com boa saúde e responde prontamente a perguntas. Ele pode ser condenado a até três anos de prisão e multa de 100 mil ienes (1.100 dólares), segundo a imprensa japonesa. No mês passado, a Austrália ameaçou medidas judiciais contra o Japão se o país não parar até novembro de capturar baleias no oceano Antártico. Alguns juristas dizem que a atividade baleeira japonesa viola leis internacionais, como o Sistema do Tratado Antártico. A caça da baleia foi mundialmente proibida por uma moratória declarada em 1986, mas o Japão mantém a prática sob a alegação de que se trata de uma atividade de pesquisa. A maior parte da carne das baleias acaba em açougues e restaurantes. (Reportagem adicional de Chika Osaka, Yoko Nishikawa e Yoko Kubota)

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.