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Após uma semana de COP-17, impasses sobre o Protocolo de Kyoto continuam

Compromisso terminará em 2012 sem que as bases da segunda etapa do protocolo, que deveria começar em 2013, tenham sido definidas

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Por Redação
Atualização:

Após uma semana da XVII Cúpula da ONU sobre Mudança Climática (COP-17), em Durban, na África do Sul, o futuro do Protocolo de Kyoto continua sem uma definição clara. Apesar disso, a secretária-executiva da Convenção das Nações Unidas para a Mudança Climática (UNFCCC), a costarriquenha Christiana Figueres, mostrou-se otimista e disse nesta sexta-feira, 2, à Efe que houve avanços para a renovação do documento. O Protocolo, assinado em 1997 e em vigor desde 2005, é o único tratado legalmente vinculativo que prevê a diminuição da emissão de gases poluentes por parte dos países desenvolvidos (os Estados Unidos não assinaram o acordo). O compromisso de Kyoto terminará em 2012, sem que as bases da segunda etapa do protocolo, que deveria começar em 2013, tenham sido definidas. A renovação do tratado se transformou em um dos grandes desafios da COP-17, realizada entre 28 de novembro e 9 de dezembro. "A pergunta não é mais se vai existir uma segunda etapa, mas como ela será", disse Christiana. A última palavra sobre o protocolo serão dos responsáveis pelas delegações dos países participantes da COP-17, na fase final do encontro, explicou a secretária-executiva. Seu otimismo, no entanto contrastou com o pouco entusiasmo do Japão, que confirmou nesta sexta que não assinará um segundo acordo, pois prefere "um novo, único e compreensível documento legal com a participação das principais economias". O embaixador japonês na COP-17, Masahiko Horie, lembrou que os dois países com o maior índice de emissão de gases poluentes, China e EUA, não ratificaram Kyoto. O chefe negociador chinês, Su Wei, disse que espera que o Japão reconsidere sua postura, que não contribui para uma "solução multilateral na luta contra a mudança climática". Assim como o Japão, Canadá e Rússia também anunciaram que não assinarão um novo acordo enquanto China, Índia e EUA não se comprometerem a diminuir suas emissões. Já o chefe da delegação da União Europeia (UE), o polonês Tomasz Chruszczow, assegurou hoje que o plano traçado pelo organismo para impulsionar um novo acordo internacional que substitua Kyoto está atraindo um grande interesse na COP-17. A UE propõe um Mapa do Caminho para que em 2015 seja estabelecido um acordo para a redução do lançamento de gases poluentes, que entraria em vigor em 2015. O tratado englobaria todas as grandes economias, inclusive as emergentes. Em declarações à Efe, o negociador europeu disse que "Kyoto já não é suficiente", pois só abrange "entre 15% e 16% das emissões globais". No entanto, ele garantiu que UE "apoiará um segundo período de compromisso de Kyoto", para que "não exista um vazio entre 2012 e 2015". Chruszczow afirmou que tratou do tema com muitos países, inclusive o G77 (130 países em desenvolvimento e emergentes mais China). O negociador chinês declarou nesta sexta que seu país, maior emissor mundial de gases causadores do efeito estufa, não descarta assinar um novo tratado vinculativo, mas no momento defende a aprovação de Kyoto, que não prevê nenhuma obrigação por parte dos países emergentes. Sobre o Mapa do Caminho europeu, o segundo enviado dos EUA para a Mudança Climática, Jonathan Pershing, negou que tenha conversado com a delegação da UE sobre o assunto. Pershing explicou que seu país defende um acordo que envolva tanto as nações ricas como em desenvolvimento. O chefe da delegação do Brasil, André Correa do Lago, afirmou que a não renovação de Kyoto seria um grande desastre, e por isso são importantes esforços para que a COP-17 represente avanços na questão.

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