Anelis Assumpção dá lições de casa de sustentabilidade

Cantora reutilizou artigos de festa infantil para comemorar o aniversário da filha

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Por Gustavo Bonfiglioli
Atualização:

Da festa do sobrinho da cantora Anelis Assumpção sobraram bexigas, chapéus de papel, línguas de sogra e outras bugingangas. Tudo iria para o lixo, como na maioria das vezes vai. Mas a filha de Anelis, Rubi, sugeriu que o material fosse reaproveitado para a comemoração do seu aniversário, em maio. A menina teve uma festa sustentável, aos 8 anos. “Por iniciativa própria”, assegura a mãe.

 

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Filha do compositor Itamar Assumpção, Anelis pode um dia usar o exemplo da menina no programa Ecoprático, na TV Cultura, reality show no qual visita a cada episódio uma família, com a missão de ajudá-la a adotar hábitos mais sustentáveis. Até porque a cantora teve suas primeiras lições de sustentabilidade em casa, movida pela necessidade de economizar o dinheiro que “faltava para pagar a conta”. “A gente tomava banho de bacia e reaproveitava a água para limpar o quintal e dar a descarga no vaso sanitário.”

 

Anelis acredita que o aprendizado familiar despertou sua sensibilidade para as questões ambientais mais amplas. “Assim que a sociedade começou a apresentar os dados e fatos da atuação humana no ambiente, foi fácil entender o aspecto ecológico da economia de recursos. A compreensão global da responsabilidade individual começou a fazer mais sentido pra mim”, explica a cantora. “O entendimento é sempre mais imediato quando envolve o bolso das pessoas.”

 

Hoje, a família Assumpção mantém a tradição de pensar no reaproveitamento, mas a partir da consciência ambiental. Anelis ensina a filha a separar o lixo, reutilizar embalagens, fazer o reúso da água e a pensar em consumir sem desperdício. “É fundamental começar a discussão cedo. As crianças têm uma relação muito louca com o consumo, são bombardeadas por essa cultura todos os dias. Para elas, as coisas são muito mais descartáveis e mais desperdiçáveis.”

 

Além da festa sustentável de Rubi, a mãe reutiliza material escolar e compra roupas em brechós como parte da educação ecofriendly da menina. “Queria inclusive poder fazer como antigamente e voltar a tomar banho de bacia, mas ainda não consegui abdicar do chuveiro.”

 

Sem carro, não. Discurso – e práticas – à parte, Anelis confessa que tem lá seu pecado, um hábito pouco sustentável que não consegue abandonar: usar demais o carro no dia a dia em São Paulo. “Acho que é a coisa que mais me faz sentir culpada com o meio ambiente. Depois de a Rubi nascer, não consegui mais pensar em uma logística sem carro. Também tomo alguns banhos longos de vez em quando, mas com isso não sinto culpa”, brinca.

 

O especialista. Para o diretor-presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, Hélio Mattar, “festa de criança pode gerar muito desperdício”. “É interessante reutilizar o excedente”, afirma. Uma outra boa ideia, sugere Mattar, é doar o que sobra a creches e instituições de caridade. Mattar também diz ser importante prestar atenção na hora de contratar fornecedores, pois o setor de festas infantis tem relações precárias de trabalho, com informalidade, e produtos contrabandeados. Os convidados também podem fazer a sua parte para promover uma festinha sustentável. “Pode-se pedir que deem presentes sem embrulho.”

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