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‘A mudança climática é real e só cresce’

Pessimista com a possibilidade de recuperação da cobertura de gelo do Ártico, cientista quer acordo global

Por Afra Balazina
Atualização:

Diretor do Centro Nacional de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC), Mark Serreze defende uma ação urgente contra o aquecimento da temperatura no planeta. “A mudança climática não é algo para 50 ou 100 anos. Já está aqui.”

 

Quando o senhor calcula que o mar do Ártico poderá ficar sem cobertura de gelo nos verões?

 

No NSIDC pensamos em algo em torno de 2030. Não digo que não haverá absolutamente nenhum gelo. Haveria remendos aqui e ali. Mas, para efeitos práticos, será um oceano azul.

 

O recorde de menor extensão de gelo no Ártico ocorreu há dois anos. O que aconteceu de lá para cá?

 

Tivemos alguma recuperação. Em 2008 houve um pouco mais de gelo, e em 2009 foi melhor ainda. É bom ver uma pequena recuperação, mas não ficaria otimista a ponto de dizer que estamos vendo o início de uma recuperação de longo prazo.

 

Como o declínio do gelo marinho no norte pode afetar outras regiões?

 

O Ártico funciona como a geladeira do Hemisfério Norte. Por isso, o declínio no gelo lá poderá afetar os padrões meteorológicos de outras regiões.

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Menos gelo na região significa uma oportunidade de negócios, com a abertura de rotas marítimas?

 

Os russos estão muito conscientes disso – no caso, estamos falando sobre a Rota do Mar do Norte. Os canadenses também estão interessados na abertura da Passagem do Noroeste. Eles consideram que o trecho é parte de sua área costeira. Os Estados Unidos não concordam.

 

Existe a possibilidade de explorar petróleo e gás natural na região?

 

Parece haver uma grande quantidade de petróleo e gás sob o Oceano Ártico. Esses recursos se tornarão mais acessíveis conforme perdemos o gelo em virtude do aquecimento ligado à queima de combustíveis fósseis. Ironia impressionante! As companhias de petróleo estão, evidentemente, interessadas.

 

Qual será o preço da omissão em Copenhague?

 

Quanto mais esperarmos para agir, piores serão os problemas a enfrentar. A mudança climática é real, não é algo para 50 ou 100 anos. Já está aqui e só cresce.

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