Semana passada recebi uma inusitada foto de Danilo Bifone, advogado e voluntário do grupo de plantio de árvores Muda Mooca. Trata-se de um girassol (nome científico Helianthus annus) crescendo no lixo retirado do rio Pinheiros e armazenado dentro de uma draga, próximo à ponte João Dias. Danilo, que também é ciclista, estava na ciclovia da Marginal pedalando sentido Interlagos, quando avistou um “brilho diferente” em meio ao material retirado do rio. Chegou mais perto e ficou muito emocionado ao ver a flor do girassol, em ambiente tão improvável. Sacou seu celular e fez algumas imagens que compartilho com a devida autorização e crédito a ele.

Essa foto me fez lembrar outras cenas, de minha autoria, feitas também nas margens do rio Pinheiros, no início do ano. Haviam me pedido para fotografar justamente a ciclovia da Marginal para um especial de aniversário de São Paulo.

Essa ciclista com certeza vê muitas belezas ao longo de seu caminho! FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
Já tinha feito as imagens para a pauta, quando algumas capivaras me chamaram a atenção. Uma em particular estava muito especial, três “bem te vis” ou Pitangus sulphuratu, é esse seu nome científico, estavam em seu dorso, provavelmente caçando carrapatos ou outra iguaria. Uma composição ali que me fazia esquecer que estava no “meio da cidade”. Mais para frente da ciclovia, outra surpresa, uma família inteira de capivaras atravessava a via.

Os bem te vis fazendo um banquete em meio à pelagem da capivara. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Intitulei essa foto como “CAPIBEATLES”. Só faltou a faixa de pedestres. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
Além das capivaras, vi também uma bela revoada de garças.

Há muita vida apesar de todo nosso descaso. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Revoada de garças no Rio Pinheiros. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
Estava indo embora já muito satisfeito com as descobertas, quando fui dar uma última observada no rio, eis que me deparo com uma planta que nunca havia visto antes. Em meio ao cheiro fétido, muito lixo, e um lodo acinzentado, como que ignorando toda esse “ambiente inóspito” uma lindíssima folhagem, semelhante à uma taioba, mas com uma flor branca de incrível beleza.

Aguapé de flecha desafiando toda a poluição do meio ambiente. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
Pedi a ajuda preciosa para identificar a planta para o botânico Ricardo Cardim. Trata-se da Sagittaria montevidensis, ou popularmente denominada Aguapé de Flecha, uma planta que se adapta bem a ambientes de extrema poluição, infelizmente, caso do nosso rio.

Detalhe do aguapé de flecha. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
Essas imagens todas mostram o quanto de vida e esperança existem para nossa natureza urbana. Não podemos mais ignorar nossos rios, árvores e animais como estamos fazendo há tantas décadas.