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Histórias que deixam as cidades mais verdes e gentis

Em busca do taxista da floresta

Conheci Wilson Roberto dos Santos, primeiro na tela do cinema, através do documentário Elevado 3.5. O belíssimo filme desvendava personagens dessa cicatriz urbana, rasgando o centro da cidade, e ele era um dos escolhidos para mostrar toda a amalgama de homens dessa complexa metrópole.

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Por tiagoqueiroz
Atualização:

De lá pra cá, entre idas e vindas de uma pauta a outra, identifiquei a fachada com seu ponto de luz em meio ao concreto, um jardim com tantas e variadas plantas formando uma verdadeira mini floresta urbana.

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Nunca havia tentado contato com o taxista, era essa a sua profissão, me contentava em apreciar sua bela obra e me recordar cada vez com a memória mais embaçada sua participação no filme.

Essa calma paralisante mudou quando avistei no final do ano passado, em meio à uma cheflera e um pé de pitanga, uma placa de Vende-se com letras vermelhas e fundo amarelo. Pensei: "Nunca irei me perdoar se esse sujeito sumir. Antes disso preciso conhecê-lo!".  Liguei para a imobiliária, expliquei o meu interesse em fazer a reportagem. Fiz campana na frente do edifício. Falei com alguns moradores. Nada surtiu efeito. Até uma bela manhã de domingo. Um dia de "outonico" em janeiro desse ano. Um surpreendente dia frio em meio ao calor escaldante, me deparei com um senhor de camisa azul, medalha com santos protetores no peito, sandálias e pão quente debaixo do braço prestes a entrar no prédio. Perguntei sobre o taxista, "proprietário da floresta" e eis que era o próprio, ali, em carne e osso, depois de tanta procura.

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O taxista, o verde e o Elevado ao fundo no primeiro dia que o visitei para a reportagem, no início do ano. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO  Foto: Estadão

Subimos juntos tomamos café e pude então conhecer esse lugar especial. São tantas plantas, que tentar citá-las uma a uma incorreria em injustiça com as que seriam esquecidas. O que falta em conhecimento botânico no nosso jardineiro taxista sobra em amor pelo seu espaço, sua forma de se destacar em meio ao cinza. Para a multidão que pedala, corre, flerta e se diverte aos domingos no Minhocão, essa paisagem virou ouro puro. Vi uma família de orientais, embevecidos com o jardim. Pais e filhos, crianças, casais, muitos, sendo seduzidos por esse significativo universo verde,sacando seus celulares e guardando um souvenir visual.

Um dos muitos pedestres atraídos pelo jardim. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO  Foto: Estadão

Detalhe da gaiola com painço e o flagra de um "comilão" alçando voo. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO  Foto: Estadão
Os pássaros em meio à vegetação aguardam a a vez para se alimentarem. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO  Foto: Estadão

Não só homens e mulheres são atraídos pelo jardim.  FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO  Foto: Estadão

Se nesse domingo ensolarado, de Virada Cultural e cheio de atrações por todos os cantos,você estiver perambulando pela cidade, dê uma volta pelo Elevado e tente descobrir a fachada com esse reino encantado, todo peculiar.

Wilson Roberto dos Santos em meio à sua mata urbana. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO  Foto: Estadão

A seguir mais algumas fotos inéditas e link com o perfil "Um taxista na varanda", escrito pela colega Mônica Manir para o caderno Aliás.
http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,um-taxista-na-varanda,10000049680

Imaginem essa mesma imagem sem o verde. FOTO TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO  Foto: Estadão
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