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Consumo humano já supera capacidade da Terra: a próxima crise é dos recursos naturais

Por Rodrigo Martins
Atualização:

A julgar pelos dados divulgados hoje, a próxima grande crise a assolar a humanidade será dos recursos naturais. E pode tomar proporções ainda maiores do que a atual crise financeira, que já consumiu nada menos que US$ 6,8 trilhões em recursos, o equivalente a 11% do Produto Interno Bruto (PIB) global.

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O relatório Planeta Vivo, realizado a cada dois anos pela ONG internacional WWF dá conta de que nós humanos já usamos 30% mais recursos naturais do que o Planeta pode repor a cada ano.

A raiz do problema - até então ignorada por governantes, economistas e empresários - é que tanto a população do planeta quanto os níveis de consumo continuam crescendo mais rapidamente que a capacidade de regeneração dos sistemas naturais. Se nada for feito, anuncia o documento, até 2030 a humanidade vai precisar de duas Terras para dar suporte aos atuais níveis de consumo. Como não existem duas Terras para servir aos desejos de consumo da parte mais endinheirada da população, o colapso ambiental pode custar ao mundo US$ 4,5 trilhões - por ano!

O mais impressionante é que, até 1960, a maior parte dos países vivia dentro de seus limites ecológicos. Mas os números atuais mostram que hoje três quartos da população mundial vive em países que consomem mais recursos do que conseguem repor. Estados Unidos e China são os dois principais expoentes: cada um deles consome 21% dos recursos naturais do planeta. É assustador, ainda mais se levarmos em conta que todos os países emergentes se espelham no padrão de consumo americano.

Crise Segundo o WWF, o atual momento de crise mundial é uma oportunidade de atuar nos três fatores responsáveis pela expansão da pegada da humanidade: crescimento populacional, consumo per capita e intensidade e forma de uso dos recursos naturais. "O capital natural é tão importante quanto o financeiro, o humano e o material envolvidos na produção de qualquer bem. Enquanto o custo de preservá-lo adequadamente não estiver incluído no preço dos produtos, estaremos caminhando rapidamente para exaurir o nosso crédito ecológico", afirma Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, do WWF-Brasil.

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O estudo do WWF corrobora outra pesquisa realizada por pesquisadores da USP, mencionada aqui. Segundo esse estudo, até 2050 somente Brasil e Rússia serão considerados países com superávit ambiental - ou seja, com condições de manter sua economia sem deixar à calamidade seus recursos naturais.

 Foto: Estadão
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