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Sete entre 10 paulistanos deixariam a cidade se pudessem

Pesquisa da Rede Nossa São Paulo mostra insatisfação generalizada com a cidade, especialmente no setor público

Por André Palhano
Atualização:
 Foto: Estadão

Nada menos do que 68% dos cidadãos paulistanos deixariam a cidade caso tivessem essa oportunidade, aponta a pesquisa IRBEM 2015, coordenada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência e a Fecomercio, divulgada nesta manhã. No IRBEM 2014, esse número era de 57%. O número de paulistanos que não deixariam a cidade de forma alguma também piorou: caiu de 40% no ano anterior para 30% em 2015.

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O número é um reflexo direto da percepção da população sobre a qualidade de vida e o bem-estar na cidade, item que registrou notável deterioração de um ano para o outro. No final de 2014 (a pesquisa é sempre realizada no final do ano), essa percepção "piorou" ou "piorou muito" para 13% dos entrevistados. Na edição divulgada hoje, esse número subiu para 36%, quase o triplo.

Praticamente todos os indicadores da pesquisa registraram piora em 2015. Na avaliação geral sobre as instituições, por exemplo, nem os bombeiros escaparam de uma queda na confiança. Como era de se esperar, as piores avaliações recaem sobre a esfera pública, com destaque para a percepção sobre a Prefeitura, as subprefeituras e a Câmara dos Vereadores. Essa última, aliás, tem o menor grau de confiança dos paulistanos: míseros 15%. (veja mais detalhes nessa matéria divulgada hoje cedo no Estadão)

Curiosamente, os poucos itens que tiveram melhora de satisfação no IRBEM são aqueles relacionados à esfera pessoal do paulistano, como relações interpessoais, amorosas, de espiritualidade e de amizade. Entre os temas com pior avaliação, entram Segurança, Assistência Social, Acessibilidade e Inclusão, Desigualdade Social e, claro, Transparência Política, um eterno lanterninha em pesquisas desse tipo.

Estatísticas à parte, o que poderia explicar tamanha piora de percepção do paulistano de um ano para outro? A cidade piorou tanto assim? Para Marcia Cavallari, diretora do Ibope, boa parte da resposta tem a ver com o quadro de crise econômica e política pelo qual passa o País.

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"Há um mau humor e um pessimismo generalizado e é claro que isso contamina as percepções", afirma a diretora, acrescentando que não se trata de um fenômeno restrito a São Paulo. "Uma pesquisa divulgada ontem pelo Ibope mostrou que o nível de pessimismo do brasileiro com o futuro (o ano seguinte) subiu de 16% para 32%. É o reflexo do momento que estamos passando"

De qualquer forma, fica um recado claro e incontestável para gestores públicos, vereadores e deputados e candidatos nas eleições deste ano: com honrosas exceções de itens específicos, a população está muito, mas muito insatisfeita com tudo o que se refere ao setor público, recorrendo cada vez menos às instituições dessa esfera e mais a igrejas e ONGs de bairro para tentar melhorar sua vida. Uma realidade que precisa ser mudada.

Há uma série de dados e informações preciosas sobre o IRBEM, inclusive um interessante recorte relacionado à crise hídrica, no link: http://nossasaopaulo.org.br/portal/arquivos/irbem/irbem2016-resumido.pdf

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