Minha experiência diante do maior felino das Américas; no Pantanal, projetos aliam turismo com conservação da natureza e ajudam a proteger onças pintadas e araras azuis. Veja galerias de fotos dos animais
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Por Giovana Girardi
Atualização:
"À beira da estrada, onde uma vegetação florestada mais alta cobria um pequeno riacho, a onça havia se entocado para pescar. Os guias que passaram a dica (de onde ela estava) tinham conseguido vê-la antes de ela se esconder. Nós só conseguíamos ouvi-la. Um barulho seco, da espinha do peixe se quebrando. E a expectativa de que ela poderia se irritar com a nossa intromissão na hora de sua refeição. Ou se incomodar com a gente e decidir se embrenhar de vez pela mata.
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O guia-motorista decidiu tentar algo diferente. Contornar a matinha para tentar vê-la por trás. Mas a manobra não podia ter dado mais errado. Atolamos em um alagado. O carro, onze pessoas, a apenas alguns metros de uma onça."
Esse é um trecho da história (Safári de onças une turismo e preservação) que conto na edição desta segunda-feira (15) no Estadão, sobre projetos de conservação no Pantanal que se aliam ao turismo para pesquisar espécies como a onça-pintada e a arara azul e estão ajudando a evitar sua extinção.
Os animais que vivem no bioma, além de enfrentar problemas como a perda de hábitat (quase 16% da área original de vegetação nativa já desapareceu), sofrem com algumas ameaças específicas. As onças ainda são vistas com assombro. Como contou um pantaneiro, a crença é: "se uma onça come uma vaca, pode comer um homem". Apesar de haver poucos relatos de acidentes com seres humanos, o medo é usado como justificativa para matar o animal. São os trabalhos com turismo, que fazem a onça viva ser um negócio mais lucrativo.
O projeto Onçafari foi além e buscou trabalhar com o conceito de habituação para se aproximar do felino e compreendê-lo. Algumas das descobertas podem ser apreciadas na galeria de imagens abaixo.
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A vida secreta das onças
1 / 8A vida secreta das onças
A vida secreta das onças
Temidas e caçadas impiedosamente em vários cantos Brasil, as onças-pintadas estão hoje ameaçadas de extinção pela ação do homem. Em“Panthera onca, à s... Foto: Adriano GambariniMais
Impacto cultural
O livro também revela a forte influência que as onças tiveram na cultura de povos antigos no Brasil, estando presente em várias lendas e pinturas rupe... Foto: Adriano GambariniMais
Preta também é pintada
Onças pretas também são pintadas, mas elas têm muito mais melanina, por isso ficam dessa coloração. No livro, os autores explicam que, na verdade, tod... Foto: Adriano GambariniMais
Incansável
“Bicho solitário, andarilho, errante. Capaz de não se cansar. Capaz de enxergar na escuridão. Não vê fronteira nem cerca, não toma partido em conflito... Foto: Rogério CunhaMais
Crepúsculo
Em geral possuem hábitos crepusculares, estão mais ativas no entardecer e o amanhecer, mas também podem desenvolver muitas atividades à noite, escreve... Foto: Adriano GambariniMais
Em busca da presa fácil
O tamanho dos animais parece estar ligado à oferta de alimentos em cada região onde o animal ocorre. O fato de os maiores estarem no Pantanal pode est... Foto: Adriano GambariniMais
Em perigo
Essa relação com o gado, porém, foi um dos fatores que colocou a espécie em perigo. Fazendeiros que perderam uma cabeça ou outra adotaram a postura de... Foto: Adriano GambariniMais
Perda de habitat
Aliada à caça, a redução de habitat é outro fator fundamental por colocar a espécie em situação de extrema ameaça. O animal, por seu porte, precisa de... Foto: Adriano GambariniMais
Alguns resultados numéricos do projeto já indicam que mais animais estão na região no Refúgio Ecológico Caiman, o que pode significar que eles estão se sentindo seguros por ali. Em 2012, apenas um ano depois de iniciado, apenas 7% dos turistas diziam ter visto uma onça durante sua estadia. Em 2016, já eram 72%. Em termos de números de avistamentos, em 2013 eram 171, tanto pot turistas quanto por pesquisadores e guias. Já em 2016 foram 538 (um mesmo animal pode ser visto mais de uma vez).
Resultados bons também foram observados com as araras. Mas mesmo assim a preocupação continua. "Quanto mais eu estudo, mais preocupada eu fico, porque verifico quão suscetíveis as araras azuis são. Elas têm uma alimentação muito específica e uma taxa de reprodução muito baixa", afirma Neiva Guedes, bióloga que iniciou o Projeto Arara Azul há cerca de 30 anos. Pelos cálculos do grupo, no ano passado, as aves botaram 106 ovos nos ninhos monitorados, mas apenas 32 filhotes voaram.
Conheça na galeria abaixo mais detalhes dos dois projetos e vejam outros animais simbólicos do Pantanal que também se beneficiam dos projetos de conservação das duas espécies bandeiras.
Vida pantaneira
1 / 15Vida pantaneira
Conservação no Pantanal
No Pantanal do Mato Grosso do Sul, projetos de conservação de espécies se unem ao ecoturismo para proteger animais como a onça-pintada (Panthera onca)... Foto: Juliana AriniMais
Gatão
A onça Esperança é um dos animais estudados no projeto Onçafari, no Refúgio Ecológico Caiman, que usa o ecoturismo para ajudar na conservação da espéc... Foto: Adriano GambariniMais
Cria
Um dos filhotes de Esperança é Natureza, que nasceu em novembro de 2013, e também já teve dois filhotes: Felino e Felina. Todos as onças do projeto (j... Foto: Adriano GambariniMais
Análises
Uma das partes do trabalho do Onçafari envolve a captura temporária do animal para a coleta de amostras e também para a colocação de rádio-colar, com ... Foto: Adriano GambariniMais
Casal
Outro trabalho de conservação que ocorre em Caiman é o Projeto Arara Azul, que começou a ser realizado no Pantanal bem antes do refúgio ser criado, em... Foto: Arquivo Instituto Arara AzulMais
'Pé de arara'
'Pé de araras', no Refúgio Ecológico Caiman, registrado pelo Projeto Arara Azul, que busca a conservação da espécie no Pantanal. Foi uma imagem assimq... Foto: Edson DinizMais
Monitoramento dos ninhos
Pesquisadores do Instituto Arara Azul fazem regularmente o monitoramento de cerca de cem ninhos, naturais e artificiais, para ver se estátudo bem com ... Foto: Luciano MutaMais
Proteção contra jaguatirica
Pesquisadora Fernanda Fontoura, do Instituto Arara Azul, mostra árvore com ninho artificial para araras azuis no Refúgio Ecológico Caiman, no Pantanal... Foto: Juliana AriniMais
Curicaca
Outra espécie de ave bastante comum é a curicaca, também conhecida como"despertador de peão", por começar a vocalizar por volta de três, quatro da man... Foto: Juliana AriniMais
Símbolos
Em uma só imagem, três símbolos do Pantanal: o tuiuiú, ave característica do bioma, o gado solto nos campos naturais, e o turista que ajuda na conserv... Foto: Juliana AtriniMais
Tuiuiú
Ave símbolo do Pantanal, o tuiuiú (Jabiru mycteria) tem várias características únicas. Fêmea e macho se revezam em ninhos gigantes no topo de árvores.... Foto: Juliana AriniMais
Capivara
Espécie bastante comum no Pantanal é a capivara, que divide bem as águas com jacarés, mas, se bobear, vira comida de onça. Foto: Juliana Arini
Jaguatirica
Outro avistamento legal durante a visita da reportagem foi dessa jaguatirica, que estava em uma pedra, a beira de um córrego, pescando. Foto: Luciano Muta
Bandeira
Também deu o ar da graça esse tamanduá-bandeira, que tranquilamente passeou ao lado do carro de safári. Foto: Luciano Muta
Crocs
Jacaré são abundantes no Refúgio Ecológico Caiman, daí seu nome. Foto: Luciano Muta