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Países fecham acordo para reduzir em 50% emissões da navegação até 2050

Estratégia definida em reunião da Organização Marítima Internacional é considerada um primeiro passo importante para que o planeta consiga cumprir o Acordo de Paris e conter o aquecimento do planeta a menos de 2°C até o final do século

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Por Giovana Girardi
Atualização:

A Organização Marítima Internacional (IMO) adotou, nesta sexta-feira, 13, em Londres, uma estratégia inicial para reduzir as emissões de gás carbônico da navegação internacional em pelo menos 50% até 2050, em relação aos níveis de 2008.

Navegação internacional estabeleceu meta de redução de 50% das emissões globais do setor até 2050. Crédito: Edgar Su/Reuters Foto: Estadão

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É o primeiro acordo que visa a controlar a poluição climática do setor que, sozinho, responde por cerca de 2% das emissões globais de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta. Se fosse um país, a navegação seria o sexto maior emissor. Isso significa que o setor, já nos próximos anos, de começar a desenvolver maneiras de funcionar com combustíveis renováveis e buscar novas tecnologias.

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Tanto o setor quanto a aviação internacional ficaram de fora do Acordo de Paris, estabelecido em 2015 e que define os esforços dos países para conter o aquecimento global a menos de 2°C até o final do século, com tentativas de ficar em 1,5°C. Mas sem os dois setores é impossível fechar a conta.

O novo acordo, fechado após duas semanas de reuniões dos 170 países-membros da IMO em Londres, define também metas de redução da intensidade de carbono, ou seja, quanto é emitido pelos navios em relação à distância percorrida com carga útil. A proposta, que foi defendida pelo Brasil, é reduzir as emissões por carga útil transportada em 40% até 2030, almejando 70% até 2050, em relação a 2008.

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O País - assim como a Argentina, mas também os Estados Unidos e a Arábia Saudita - se posicionou o tempo todo contrário à meta de redução absoluta de 50% por entender que poderia levar a aumentos no custo do frete marítimo. De acordo com o Itamaraty, que liderou a delegação brasileira, a meta poderia trazer "impactos negativos desproporcionais sobre países em desenvolvimento e geograficamente distantes dos seus mercados".

O posicionamento, porém, acabou vencido em plenária. E foi um meio termo considerado possível, já que os países-ilha do Pacífico e a União Europeia defendiam que a meta global de redução já fosse de 70% a 100% até 2050. Havia uma expectativa de que fosse anunciado no evento um plano para zerar a dependência por petróleo até o começo do século, o que não ocorreu.

Organizações da sociedade civil que acompanham as discussões também defendiam uma meta mais ambiciosa de descarbonização total até meados do século, mas avaliaram que é um passo - um primeiro passo - importante para que o Acordo de Paris possa ser cumprido.

"A decisão de hoje manda um forte sinal para a indústria da navegação e para os fornecedores de combustíveis de que eles precisam ampliar os investimentos em novas tecnologias e colocá-las no mercado, incluindo combustíveis alternativos e novos sistemas de propulsão", afirmou Mark Lutes, conselheiro-sênior de política climática global do WWF, em comunicado à imprensa.

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