MARRAKESH - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, defendeu nesta terça-feira (15) que a "unidade global em torno das mudanças climáticas, que há alguns anos era impensável, agora é imparável" e que isso seria motivo para ser otimista em relação ao que pode acontecer na gestão de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.
Ban Ki-moon falou com a imprensa na manhã desta terça em Marrakesh, onde está sendo realizada a 22.ª Conferência do Clima da ONU, e contou que conversou com Trump após a eleição sobre vários assuntos, entre ele as mudanças climáticas. O sul-coreano não quis revelar o que o presidente eleito lhe disse sobre o tema, mas afirmou que continua otimista e que espera que Trump entenda a "seriedade e a urgência de lidar com as mudanças climáticas".
"Não posso falar sobre ele, só sobre mim mesmo, mas posso dizer que ele foi uma pessoa de sucesso antes de ser eleito e que entende as forças de mercado", disse.
O secretário-geral, que deixa o cargo no começo do ano, lembrou um ponto já citado por outros negociadores na conferência e por observadores da situação americana de que alguns Estados, cidades e empresas no país vêm investindo em energias renováveis. "Eles entenderam que a economia de baixo carbono é a resposta para o futuro", declarou. Disse também que os países concordaram com o Acordo de Paris por entenderem que é para o benefício deles próprios e do mundo. "Trump vai ter de entender a realidade."
"Eu viajei todo o mundo como secretário-geral da ONU e vi o impacto das mudanças climáticas no Antártida, no Ártico, na Amazônia, em tantos lugares. Eu fui convencido, vendo por mim mesmo, que a mudança do clima está acontecendo muito mais rápido do que a ciência esperava e é por causa do comportamento humano. Então temos de mudar nosso comportamento", afirmou.
Nesta terça começou em Marrakesh o segmento de alto nível da conferência, com a presença de cerca de 80 chefes de estado e ministros para a etapa final de negociação sobre como o Acordo de Paris vai caminhar para ser implementado. Estão presentes o presidente francês, François Hollande, que liderou o processo no ano passado, e a chilena Michelle Bachelet.
* A repórter viajou para Marrakesh a convite do Instituto Clima e Sociedade