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Táxis-robôs podem reduzir emissões de CO2 nos EUA

Cientistas afirmam que é possível substituir em 20 anos parte da frota convencional por carros elétricos sem motoristas

Por Fabio de Castro
Atualização:

Um estudo feito por cientistas dos Estados Unidos sugere uma forma ousada para reduzir de forma radical as emissões de gases de efeito estufa pelo sistema de transportes do país: táxis robotizados sem motoristas, movidos a eletricidade. De acordo com os autores do estudo, publicado nesta segunda-feira, 6, na revista Nature Climate Change, os táxis-robô elétricos podem substituir parte da frota de táxis convencionais nos próximos 20 anos, tornando o trânsito mais seguro, mais eficiente e diminuindo as emissões por veículo em até 94%.

Segundo os autores do artigo, do Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley (Berkeley Lab), diversos grandes fabricantes de automóveis estão investindo em veículos mais autônomos. O Google anunciou planos para lançar já em 2017 um veículo completamente autônomo - como o que a presidente Dilma Rousseff experimentou em sua visita ao Vale do Silício, na Califórnia, na semana passada. De acordo com os cientistas, frotas desses veículos poderiam reduzir as emissões do setor de transportes, que consome 62% do petróleo e é responsável por 13% de todo gás de efeito estufa lançado na atmosfera do planeta.

Empresas de tecnologia como o Google têm acelerado o desenvolvimento desse tipo de veículo Foto: Nature Climate Change

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De acordo com um dos autores, Jeffery Greenblatt, do Berkeley Lab, metade da redução das emissões aconteceria porque os táxis-robô teriam o tamanho personalizado para as necessidades dos passageiros, com veículos para uma, duas ou mais pessoas. "A maior parte das viagens feitas nos Estados Unidos são por uma só pessoa. Isso significa que carros de um ou dois lugares seriam suficientes para a maior parte das corridas. Isso nos dá um fator de economia importante, já que veículos menores implicam um uso reduzido de energia e de emissões de gases de efeito estufa", afirmou.

Segundo ele, os carros autônomos podem ser programados para atuar em rede e otimizar as viagens - com um funcionamento semelhante ao do aplicativo Waze -, além de serem integrados a sistemas de carregamento elétrico integrados.

O modelo desenvolvido por Greenblatt e por Samveg Saxena, também do Berkeley Lab, fez os cálculos dos impactos das frotas automatizadas no sistema de transporte comparando a intensidade das emissões dos veículos elétricos e a gasolina em 2014, em comparação a projeções para 2030. Segundo eles, os táxis-robô poderiam resultar em economia de emissões por veículo de 87% a 94% em relação aos atuais veículos convencionais. A economia seria de 63% a 82% em relação aos veículos híbridos já projetados para 2030. Além do tamanho dos carros, outro fator que ajudaria na economia: eles calculam que as emissões provocadas pela produção de eletricidade serão menores no futuro. 

Em um comentário também publicado na Nature Climate Change sobre o estudo, Austin Brown, do Laboratório Nacional de Energias Renováveis, em Washington, afirmou que a ideia dos cientistas é viável contanto que exista vontade política para implementá-la. "Os táxis autônomos são uma grande promessa para criar um sistema de transportes melhor, enquanto mitiga as mudanças climáticas. Mas isso só acontecerá se os gestores públicos colocarem as duas mãos no volante, em vez de deixarem essa emocionante nova tecnologia se desenvolver no piloto automático", escreveu ele.

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