Sustentabilidade em pauta: novos livros sobre o tema

José Eli da Veiga analisa o assunto em publicação do Senac; o manejo dos recursos da Caatinga é tema de livro do Serviço Florestal Brasileiro

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Por Karina Ninni
Atualização:

A profusão de obras que tratam do tema sustentabilidade nos últimos dez anos é um convite à reflexão sobre o assunto. Nesta semana, acontecem mais dois bons lançamentos. Segunda-feira o economista José Eli da Veiga autografa em São Paulo "Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor" (editora Senac São Paulo, 2010, 160 pp) em que aborda três grandes questões: o significado do termo sustentabilidade, a passagem da era fóssil para a do baixo carbono e a necessidade de superar o Produto Interno Bruto (PIB) como baliza de crescimento. Ele também chama a atenção para o anacronismo do discurso sócio ambiental, que insiste na ideia equivocada de "salvação do planeta".   "Salvar o planeta é uma expressão tão falsa quanto presunçosa. Pois nada que a espécie humana possa fazer chegará a afetar a Terra... Nunca será demais repetir que o que está na berlinda é a possibilidade de a espécie humana evitar que seja acelerado o processo de sua própria extinção. Essencialmente pela depleção de boa parte dos ecossistemas que constituem a Terra", afirma o autor, ao tentar delimitar o foco do debate atual.   Por falar em depauperação de ecossistemas, na terça-feira será lançado em Recife (PE)

"Uso Sustentável e Conservação dos Recursos Florestais da Caatinga" (

SFB/MMA, 2010, 366pp) o primeiro livro sobre o manejo de recursos deste bi

oma.

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A obra, organizada pelos pesquisadores Maria Auxiliadora Gariglio, Everardo V. de Sá B. Sampaio, Luis Antônio Cestaro e Paulo Y. Kageyama, reúne artigos técnico-científicos assinados por 20 pesquisadores e resultantes de 25 anos de pesquisa no semiárido brasileiro.

 

"A Caatinga vem, há séculos, sustentando a economia do litoral com o fornecimento, principalmente, de madeira queimada como lenha em restaurantes, pizzarias, na indústria ceramista... Isso sem nenhum manejo. Nas feiras aqui no Nordeste, as ervas medicinais e aquelas usadas para cosméticos caseiros também vêm de lá. Mas faltam pesquisas sobre o potencial das nativas da Caatinga", explica Newton Barcellos, chefe da Regional Nordeste do Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

 

Ele afirma que o Nordeste consome hoje 25 milhões de metros cúbicos de lenha originária da Caatinga. "O bioma vem aguentando toda essa demanda porque se regenera muito rápido. Mas é necessário pensar em manejar esses recursos corretamente", alerta, salientando que só agora estão aparecendo para o grande público as iniciativas de manejo de recursos florestais não madeireiros, como cascas, ervas, frutos e outros.

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  "A Caatinga é o maior bioma natural remansecente do Brasil depois da Amazônia. São 850 mil quilômetros quadrados onde vivem 33 milhões de pessoas. É a região semiárida mais habitado do mundo. Mas o preconceito impede que as pessoas conheçam as riquezas que ela oferece. A mídia só mostra a Caatinga durante as grandes secas", diz Barcellos.   O livro tem tiragem inicial de 2 mil exemplares e será distribuído para instituições científicas, bibliotecas, escolas e afins. Os interessados podem fazer o pedido pelo e-mail newton.barcellos@florestal.gov.br.

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