Seis onças morreram atropeladas neste ano em rodovias de SP

De acordo com levantamento realizado pelo 'Estado', outros quatro animais foram socorridos e levados para unidades de recuperação 

PUBLICIDADE

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - Pelo menos seis onças-pardas morreram atropeladas desde o início deste ano em rodovias do interior de São Paulo. Outras quatro foram socorridas e levadas para unidades de recuperação de animais silvestres, conforme levantamento feito pelo Estado. No caso mais recente, na terça-feira passada, 14, um animal adulto foi encontrado já morto no canteiro central da SP-255, em Bauru, com marcas de atropelamento.

De acordo com a Polícia Ambiental, o número pode ser maior, pois alguns desses felinos acabam morrendo nas matas em consequência dos ferimentos. Em junho, foi registrada a morte de uma onça parda de 75 quilos na Washington Luís, em Matão, e no mês anterior, outro animal da mesma espécie foi sacrificado após ser atropelado na Brigadeiro Faria Lima, em Bebedouro.

Segundo a Polícia Ambiental, o número pode ser maior, pois alguns felinos morrem nas matas Foto: Divulgação

PUBLICIDADE

Na região de Andradina, em março, uma onça parda de 40 quilos foi atropelada por uma viatura da Polícia Rodoviária, na Rodovia Marechal Rondon. De acordo com o policial que dirigia o veículo, o animal saiu da mata e invadiu a estrada. A onça morreu na hora e a viatura ficou danificada.

No mesmo mês, havia ocorrido a morte de uma onça na Raposo Tavares, em Presidente Venceslau. Em janeiro, uma onça morreu atropelada em Pederneiras.

De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com a redução das matas - seu hábitat natural -, a onça-parda se adaptou aos canaviais, e o fez tão bem que a população do segundo maior felino brasileiro está em alta no Estado.

A reprodução é favorecida pela redução na queima da cana, que passou a ser colhida com máquina. Porém, o ciclo relativamente curto da lavoura, trocada a cada seis anos, fez com que o animal passasse a ter maior mobilidade. Como as regiões canavieiras são cortadas por muitas estradas, o risco de atropelamento aumenta.

O instituto fez uma parceria com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) visando à orientação de funcionários das usinas e à capacitação de técnicos para a proteção desse felino. Somente a Associação Mata Ciliar, de recuperação de animais silvestres, em Jundiaí, recebeu duas onças-pardas feridas nos últimos meses. Uma delas ainda se recupera de um atropelamento. Outros dois animais foram levados para a Associação Protetora de Animais Silvestres de Assis (Apass).

Publicidade

A Concessionária Auto-Raposo Tavares (Cart), que administra rodovias no oeste paulista, registrou 971 ocorrências com animais silvestres de janeiro a 19 de julho deste ano, em um trecho de 160 quilômetros da Raposo, entre Rancharia e Presidente Epitácio. Desses, seis foram incidentes com felinos, sendo quatro com jaguatiricas e dois com onças-pardas.

A concessionária já instalou 23 passagens subterrâneas e cercas de condução nas áreas mais críticas para a fauna, além de sinalização para os motoristas. Outros 30 túneis estão sendo construídos. Nesses locais, houve queda de até 100% nos acidentes com animais.

Conforme dados do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da Universidade Federal de Lavras (Ufla-MG), 377 mamíferos foram atropelados desde o início do ano no Estado de São Paulo, sendo o cachorro-do-mato, o tatu e a capivara as principais vítimas.

De acordo com o pesquisador Alex Bager, são computadas apenas as mortes registradas por parceiros do CBEE via celular, o que representa uma fração das ocorrências. Além as onças-pardas, houve registros de mortes, neste ano, em São Paulo, de duas jaguatiricas e de um puma jaguarundi, felinos ainda mais raros.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.