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Retorno à caça comercial de baleias pode ser determinado por pequena ilha do Pacífico

Palau, ilha do Pacífico, votará a favor de quotas de caça para Japão, Noruega e Islândia

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Por Redação
Atualização:

Um dos menores países do mundo poderia determinar a legitimação da caça comercial de baleias após 24 anos de proibição, de acordo com informações levantadas pelo jornal britânico The Guardian nesta sexta-feira. Palau, uma ilha do Pacífico que só atingiu a independência em 1992 e tem uma população de apenas 20 mil habitantes, afirmou que pretende mudar de lado e se unir aos países contrários à caça na reunião da Comissão Internacional da Baleia (IWC, na sigla em inglês), que a partir de segunda-feira (21), em Agadir, no Marrocos.

 

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Apesar de que Palau muda de lado deixando de apoiar o Japão para apoiar os países anti-caça, isso significa apoiar a permissão controlada de retorno a caça comercial, com a adesão à proposta da IWC de estabelecer quotas de baleias a serem mortas por ano pelos três países que praticam a caça, Japão, Noruega e Islândia.

 

A proposta será votada por 88 países membros da comissão. Se passar com uma maioria de 75% dos votos, o novo sistema de quotas proposto pela IWC poderá ser implantado em questão de meses.

 

A proposta permitiria a caça comercial da baleia Fin e outras espécies ameaçadas no santuário de baleias do Oceano Austral, na Antártida, uma ampla área procurada por várias espécies de baleias para alimentação. O santuário foi estabelecido pela IWC, mas os caçadores japoneses matam mais de mil baleias por ano com a desculpa de usá-las para "fins científicos".

 

A reunião da IWC em Agadir vem sendo considerada como o momento de equilibrar as opiniões e lobbies contrários e favoráveis à caça, principalmente para países que ainda não estão comprometidos em nenhum dos dois lados.

 

A União Europeia está dividida, pois países como a Dinamarca e a Suécia decidiram apoiar a Noruega, que é um dos três países que praticam a caça, junto com Japão e Islândia. Mas, de acordo com uma fonte que faz parte das negociações, o bloco está muito próximo de chegar a um consenso.

 

A IWC argumenta que pode fazer a ponte entre os países que suportam e que se opõe à caça com o seu chamado "plano de paz". Sob a proposta da IWC, os países terão que concordar com limites estabelecidos pela comissão e com aconselhamento científico. Mas ainda não está claro se a proposta permitiria que um número maior ou menor de baleias fosse caçado por ano em comparação com os níveis atuais.

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"A proposta foi desenvolvida porque a maioria dos membros da IWC, seja quais forem suas opiniões sobre caça de baleias, reconheceram que a IWC não estava fazendo um trabalho bom o suficiente na conservação desses animais e na gestão da caça", disse o presidente da IWC, Christian Macquieira. "Precisa ser um plano comprometido e, inevitavelmente, isso quer dizer que os dois lados vão ter que ceder. Apesar das críticas que recebemos de todos os lados, nós provavelmente não estejamos longe do equilíbrio correto."

 

Como nos outros anos, existem acusações de que o Japão está comprando votos das pequenas ilhas do Pacífico e dos estados caribenhos. No domingo, dia 13, uma matéria do jornal Sunday Times usou repórteres disfarçados para desmascarar o esquema de compra de votos. O japão estaria oferecendo recursos para os ministérios da pesca desses países, além de dinheiro para pagar as despesas com passagens, hospedagem, alimentação - e até garotas de progamas - dos seus representantes na comissão. O Japão negou as acusações, mas é de conhecimento público que os japoneses são uma fonte relevante de dinheiro para muitos pequenos países.

 

O presidente de Palau, Johnson Toribiong, disse que não está convencido com os argumentos japoneses. "Eles afirmam que são consumidas 1 milhão de toneladas de peixe por ano, que as baleias consomem de três a cinco vezes mais do que isso e que, para garantir os estoques de peixe, a caça controlada de baleias deveria ser permitida", disse.

 

Recentemente a Alemanha estipulou à Islândia que, para se tornar membro da União Europeia, deverá parar de caçar. A ordem foi incluída em um memorando oficialmente aprensentado à Islândia por representação do embaixador alemão no país.

 

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Os grupos ambientalistas pediram aos países que votem contra a proposta da IWC. "Se existe um lugar na Terra onde as baleias deveriam ter proteção integral é no Oceano Austral", disse a especialista em política de espécies do WWF, Heather Sohl. "Algumas baleias se alimentam exclusivamente nesse oceano, ficando sem comer nos meses de inverno quando migram para águas tropicais. Permitir a caça comercial numa área onde as baleias são tão vulneráveisvai contra qualquer tipo de lógica."

 

A proposta permitira a caça comercial de 65 baleias Fin no Oceano Austral e 500 baleias Sei no Pacífico Norte por um período de dez anos. Ambas as espécies foram reduzidas a pequenos números por períodos de caça permitida anteriormente à proibição.

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