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Projeto incentiva troca de sementes

Material é enviado por carta aos interessados em jardinagem; mais de 2 mil já se inscreveram

Por Isabela Palhares
Atualização:
Correspondência. Adesão ao projeto surpreende criadora. 'Jardins cheios de gratidão', diz Foto: RAMIRO FURQUIM/ESTADAO

Com um espaço em casa, em Florianópolis, a empresária Anaísa Catucci, de 32 anos, decidiu montar uma pequena horta com a ajuda do namorado. Algumas sementes sobraram e ela teve a ideia de presentear conhecidos. Para ver quem tinha interesse, ela fez um postagem nas redes sociais. Em menos de 24 horas já eram mais de 2 mil interessados - muito mais do que as sementes que haviam sobrado. 

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“Para minha surpresa, a maior parte era de desconhecidos”, contou. Como gosta de escrever e sentia falta da troca de correspondências, Anaísa havia dito em sua mensagem que enviaria as sementes por cartas, com um recado positivo e orientações para plantio. 

Apesar de a ideia inicial ter tomado proporção maior do que esperava, a empresária decidiu que iria enviar as cartas mesmo assim. “Seriam jardins espalhados por aí cheios de gratidão no coração e também na relação com o meio ambiente.”

A ideia virou o projeto Sementes pelo Mundo. Ela buscou apoio em grupos de interessados em jardinagem e em troca de cartas. Com a ajuda das redes sociais, já foram organizados mutirões para escrever os textos em Florianópolis, Rio e Palmas. Há também iniciativas de pessoas de São Paulo e da Bahia, que enviaram algumas cartas com as sementes. Ao todo, mais de 2 mil pessoas se inscreveram para receber as sementes. 

Com a grande procura, o projeto ainda não tem sementes para todos os interessados, mas procura parceria com produtores e aguarda a germinação de algumas. “Queremos enviar sementes orgânicas de urucum, acerola, manjericão, jabuticaba, ipê, hortaliças, flores e pancs (plantas alimentícias não convencionais, como a ora-pro-nóbis).”

Entre os interessados em receber cartinhas, há pais que querem ensinar para os filhos como uma semente se desenvolve, uma banda de música e também pessoas doentes ou que perderam um familiar e encontraram apoio na jardinagem. 

Mundo florido. Para a designer Adriana Costa, de 30 anos, participar do projeto foi uma forma de contribuir para um “mundo mais florido”. Ela é dona de uma loja em São Paulo e conheceu a iniciativa por um grupo de jardinagem na internet. 

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“Há uns meses, comecei a achar que minha casa estava muito sem graça, sem cor. Decidi montar uma horta vertical e me apaixonei pelo cultivo”, afirma ela.

Segundo Adriana, a casa e a loja foram “tomadas” pelas plantas. Pote de pipoca e panela velha viraram vasos. Seus amigos e vizinhos passaram a ganhar mudas e sementes de presente. “Mas ainda sentia falta de me conectar com mais pessoas que se preocupam com o meio ambiente, que valorizam o cultivo. Eu encontrei isso no projeto.”

Anaísa conta que não vê a hora de chegar a fase em que todos já tiverem recebido suas cartas e as sementes começarem a germinar. “Quando as mensagens (com esses relatos) chegarem, a roda vai continuar a girar. Essa iniciativa vai se propagar, assim como o processo das sementes”, disse. 

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