O presidente do México Felipe Calderon, que será o anfitrião da Conferência do Clima das Nações Unidas de 2010, fez um apelo por uma revisão nos processos de decisão das Nações Unidas, que preconizam unanimidade. Segundo ele, é muito difícil conseguir consenso absoluto nas negociações.
O fraco acordo climático conseguido em Copenhague em dezembro trouxe à tona a vulnerabilidade das normas de consenso das Nações Unidas, pois as negociações quase fracassaram, com os países em desenvolvimento insistindo na revisão de todo e qualquer texto, em uma plenária que reunia 193 países.
“Temos que perceber que é muito difícil chegar a um consenso absoluto entre as partes todas. Provavelmente teremos de voltar atrás nos princípios das Nações Unidas”, disse Calderon em Tóquio.
“Temos de rever esses princípios e provavelmente teremos de investigar quais poderiam ser os melhores mecanismos para permitir a participação de todos, mas ao mesmo tempo permitir que se chegue ao melhor resultado possível, ao acordo mais plausível que possa ser aprovado pela esmagadora maioria dos membros”.
O Acordo de Copenhague buscou limitar o aumento de temperatura a 2ºC acima dos níveis médios da era pré-industrial e institui um fundo de US$ 100 bilhões por ano, até 2020, com a finalidade de ajudar os países em desenvolvimento a combater os efeitos do clima.
Mas não houve metas de cortes de emissões e nenhum compromisso dos países membros no sentido de assinar um sucessor do Protocolo de Quioto.
“O sistema de consenso tem seus prós e contras. O importante é nos juntarmos em torno de um denominador comum”, disse o presidente, reforçando que um acordo legalmente vinculativo é importante.
“Não importa o quão pequeno seja, mas um denominador comum tem de ser encontrado entre as nações participantes”.
O presidente mexicano falou durante uma viagem de três dias ao Japão. O México é a sede da próxima Conferência do Clima da ONU, que acontece em Cancun de 29 de novembro a 10 de dezembro.