Países tentam superar divisões em nova reunião da ONU sobre clima

Encontro é marcado por divergências sobre acordo com vínculo legal para corte de emissões.

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Por Richard Black
Atualização:

A primeira rodada de negociações sobre as mudanças climáticas desde a reunião da ONU em Copenhague, em dezembro, começou nesta sexta-feira em Bonn, na Alemanha, em meio à divisão entre os países participantes. A reunião de Copenhague (COP 15) terminou em dezembro sem um consenso, mas com um documento apoiado pela maioria dos 194 países que participaram do encontro. O chamado Acordo de Copenhague prevê um limite de 2ºC para o aumento da temperatura global, além de um fundo de financiamento para países vulneráveis. Os países em desenvolvimento afirmam que a Convenção do Clima da ONU é o fórum de discussões e negociações para um acordo global e querem que um acordo seja fechado até o final de 2010. No entanto, alguns representantes temem o colapso das negociações. "Existe vontade política entre os países em desenvolvimento. Eles trabalham para um acordo que inclua mais reduções das emissões de acordo com o Protocolo de Kyoto", afirmou Martin Khor, diretor-executivo do Centro Sul (organização intergovernamental de países em desenvolvimento) à BBC. "Mas é uma outra questão se há vontade política entre os países industrializados", acrescentou. Negociações Na abertura da reunião, representantes de países em desenvolvimento afirmaram que a necessidade de um novo acordo global "é maior do que nunca" e pediram negociações intensivas durante 2010 para fechar um acordo de vínculo legal em dezembro. O representante mexicano Fernando Tudela declarou que é preciso "um processo autêntico de negociações multilaterais". O México vai sediar a próxima conferência da ONU sobre o clima em dezembro. A União Europeia apoiou o pedido de Tudela, voltando a afirmar que a conclusão do encontro de Copenhague em dezembro não atendeu às expectativas. Os Estados Unidos, que não se pronunciaram na sessão de abertura da reunião de três dias, afirmam que o acordo resultante da Cop 15 "alcança vários marcos". Imediatamente depois da reunião em Copenhague, os Estados Unidos deram sinais de que teriam formado uma aliança com o grupo de países que reúne Brasil, China, Índia e África do Sul. Havia sinais de que este grupo via o acordo fechado na COP 15, com sua natureza voluntária, como uma opção mais atraente do que as negociações tradicionais e os compromissos supostamente obrigatórios do processo da ONU. Mas o grupo de países formado por Brasil, China, Índia e África do Sul afirmou que a Convenção sobre o Clima da ONU deve ser a entidade soberana para as negociações internacionais sobre o clima. Mais de 120 países enviaram cartas para a ONU para manifestar seu apoio, ou a falta dele, ao acordo. A maioria endossa o documento, mas muitos afirmam que ele foi apenas uma declaração política, que levará a um acordo mais completo em algum momento do processo. Fontes afirmam que os Estados Unidos estariam "assediando" pequenos países em desenvolvimento para que eles endossem o acordo, alegando que, caso contrário, eles poderiam não receber ajuda financeira de países ricos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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