G-7 decide banir uso de petróleo, gás natural e carvão até 2100

Grupo vê necessidade de fazer ‘cortes importantes’ nas emissões, com o objetivo de limitar o aumento da temperatura média da Terra

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Por Andrei Netto
Atualização:

PARIS - Os líderes políticos do G-7, cúpula dos chefes de Estado e de governo de Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália, anunciaram nesta segunda-feira, 8, na cidade alemã de Elmau, a intenção de banir os combustíveis fósseis de seus países até 2100. A medida é divulgada a seis meses da 21.ª Conferência do Clima (COP 21), que acontecerá em Paris, e deve resultar em um novo acordo climático para conter o aquecimento global.

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O acordo foi anunciado em comunicado emitido pelo G-7 no fim da tarde desta segunda. O texto ressalta a necessidade de fazer “cortes importantes” nas emissões de gases de efeito estufa - em especial o dióxido de carbono -, com o objetivo de limitar o aumento da temperatura média da Terra em 2ºC até o fim do século, como alerta o Painel Intergovernamental do Clima das Nações Unidas (IPCC). 

Para tanto, os líderes do G-7 assumiram o compromisso de livrar seus países dos combustíveis fósseis, a principal fonte de emissão de CO2 até 2100. Os objetivos fixados são de reduzir as emissões em 40% a 70% em 2050, com base no total emitido em 2010. “Isso deve beneficiar todos os países com uma trajetória de desenvolvimento resiliente e sóbria em carbono, compatível com o objetivo geral de manter a alta da temperatura média no mundo abaixo de 2ºC”, afirmaram os líderes.

Foto ao ar livre em Elmau. Decisão foi assinada pelos líderes de Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália Foto: AFP PHOTO /MICHAEL KAPPELER

Compromisso. De acordo com o consenso da comunidade científica e o IPCC, o objetivo de limitar o aquecimento global passa pelo abandono dos combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão, que são hoje as grandes matrizes energéticas do mundo. “Nós nos comprometemos a fazer a nossa parte para obter uma economia sem carbono em longo prazo, incluindo o desenvolvimento de tecnologias inovadoras que contribuam para a transformação dos setores energéticos em 2050.”

O compromisso final foi “resultado de negociações difíceis”, afirmou a chanceler alemã, Angela Merkel. Os quatro países europeus do G-7 defendiam uma formulação de texto até mais veemente e ambiciosa - recentemente, foram os primeiros, via União Europeia, a propor metas de redução dos gases de efeito estufa. Mas encontraram oposição do Canadá e sobretudo do Japão, cuja indústria energética ainda tem grande base em carbono.

US$ 100 bilhões. Além da reconversão da matriz energética, os líderes do G-7 confirmaram a disposição de investir até US$ 100 bilhões até 2020 na luta contra as consequências das mudanças climáticas - um dos compromissos na mesa de negociações para um acordo do clima na COP-21. O compromisso para o financiamento foi firmado em 2009, na 15.ª Conferência do Clima, em Copenhague, na Dinamarca. “Este acordo deve melhorar a transparência e a responsabilidade, com regras obrigatórias para assegurar o acompanhamento dos progressos em matéria de realização de objetivos, o que favoreceria um nível maior de ambições com o passar do tempo”, diz o comunicado.

Anfitrião da COP-21, o presidente da França, François Hollande, lembrou que a redução acertada pelo G-7 deve se dar “no quadro de uma resposta mundial”, a ser negociada até a Conferência do Clima, que terá início no fim de novembro, em Le Bourget, nos arredores de Paris. “Os engajamentos são ambiciosos e realistas”, afirmou o chefe de Estado francês. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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