PUBLICIDADE

Países emergentes pressionam ricos por metas climáticas

Brasil, China, Índia e África do Sul defendem que o sucesso da COP 18 depende dos países ricos

Por Stian Reklev - Reuters
Atualização:

PEQUIM - As negociações da semana que vem no Catar acerca de um novo tratado climático global não irão avançar enquanto os países ricos não prometerem cortes mais ambiciosos nas suas emissões de gases do efeito estufa, disseram quatro grandes nações emergentes. Brasil, China, Índia e África do Sul, que atuam nas negociações climáticas como o bloco conhecido como "Basic", divulgaram nota ministerial conjunta na terça-feira, 20, dizendo que a responsabilidade pela reunião climática de Doha, a COP 18, cabe aos países ricos. O principal objetivo da reunião do Catar é buscar uma prorrogação do Protocolo de Kyoto, tratado climático global que expira ao final do ano. Esse documento exige cortes nas emissões das nações industrializadas, mas poupa os países emergentes de qualquer compromisso. "Os ministros reafirmaram que o Protocolo de Kyoto continua sendo um importante componente do regime climático internacional, e que o seu segundo período de compromisso é a principal possibilidade para Doha, e a base essencial para a ambição dentro do regime", disse a nota. Os ministros acrescentaram que os países ricos precisariam aceitar metas mais ambiciosas para a redução de emissões, que estão aquém daquilo que os cientistas dizem que seria necessário para evitar uma disparada da mudança climática. Cerca de 30 nações europeias mais a Austrália sinalizaram sua disposição de adotar novas metas. Mas grandes emissores, como Canadá, Japão, Rússia e EUA, não vão participar, alegando que o pacto da ONU só trará resultados quando impuser metas semelhantes a grandes nações em desenvolvimento, incluindo China e Índia, que são respectivamente o maior e terceiro maior emissores globais. Um relatório divulgado nesta semana pelo Instituto de Recursos Mundiais, dos EUA, mostrou que dois terços das usinas termoelétricas a carvão planejadas no mundo serão construídas na China e na Índia, o que significa que suas emissões de carbono continuarão crescendo. Os países em desenvolvimento dizem estar abertos a negociações que imponham limites para as emissões de todos os países. As nações em desenvolvimento dizem que restringir suas emissões impediria um esforço econômico necessário para tirar centenas de milhões de pessoas da pobreza. Na última reunião climática da ONU, realizada no ano passado em Durban, negociadores concordaram em definir um novo acordo até no máximo 2015, para que ele entre em vigor em 2020. Os países do Basic dizem que mesmo esse novo tratado deve manter os princípios da atual convenção climática, com diferenciações entre países ricos e pobres.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.