Países em desenvolvimento cobram cortes de CO2 de ricos

Países formados por ilhas temem que alguns atóis sumam do mapa por causa do aumento do nível dos oceanos

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Por ALISTER DOYLE
Atualização:

China, Índia e outros países em desenvolvimento uniram suas forças na quarta-feira para pedir que os países ricos façam cortes nas emissões de gases-estufa bem maiores que o previsto para 2020 a fim de conter o aquecimento global. Vários países em desenvolvimento presentes às negociações em Bonn -- que reúnem 175 nações para conversar sobre um novo pacto sobre o clima patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) -- pediram que os ricos cortem as emissões em "ao menos 40%" dos níveis de 1990 até 2020 para combater o que dizem ser sinais cada vez piores da mudança climática. Os apelos, que integram as negociações sobre o novo pacto da ONU sobre o clima ao qual se deve chegar a um acordo até dezembro, marcaram uma pausa nos elogios do começo da semana para as promessas do presidente Barack Obama em fazer mais para combater o aquecimento global do que o ex-presidente George W. Bush. "Acreditamos que até 2020 as nações desenvolvidas devam reduzir suas emissões em ao menos 40 por cento abaixo dos níveis de 1990", disse o representante chinês Xu Huaqing no encontro, que ocorre de 29 de março a 8 de abril. A Índia está entre os países que pediram os mesmos níveis de cortes, bem mais profundos do que as metas estabelecidas pelos Estados Unidos, pela União Européia ou por qualquer outro país rico. Obama encontrou-se com o presidente chinês, Hu Jintao, em Londres na quarta-feira, na véspera da cúpula do G20 que voltará seu foco em formas de recuperar a economia mundial. A meta de Obama é cortar as emissões norte-americanas, principalmente as provenientes da queima de combustíveis fósseis, para voltar aos níveis de 1990 até 2020, num corte de entre 16 e 17 por cento dos níveis atuais. Bush previu o auge das emissões para apenas 2025. Diversos países em desenvolvimento afirmam que as descobertas científicas sobre o aquecimento global, indo do derretimento do gelo ártico a sinais de um aumento mais rápido no nível dos oceanos, estão se tornando mais alarmantes e, portanto, exigem ações mais rigorosas. ILHAS "A voz mais potente (para o objetivo de ao menos 40 por cento) veio de pequenos países-ilhas. Mas ele parece ter amplo apoio", disse Harald Dovland, autoridade norueguesa que preside um grupo em busca de mais cortes nos países desenvolvidos. Os países em desenvolvimento formados por ilhas, que temem que alguns dos atóis sumam do mapa por causa do aumento do nível dos oceanos, concordaram em pedir por cortes de ao menos 40 por cento em dezembro do ano passado. Delegados disseram que muitos países pobres passaram a apoiar esse número desde então.

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