ONU quer investigação de acusações sobre entidade climática

Denúncias surgiram após vazamentos de emails de cientistas britânicos sobre dados do aquecimento global

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Por BBC Brasil
Atualização:

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU afirmou que acusações de que cientistas britânicos manipularam dados sobre o aquecimento global, para fortalecer o argumento de que mudanças climáticas têm origem em ações humanas, devem ser investigadas.

 

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 As acusações surgiram há duas semanas, com o vazamento, pela internet, de centenas de emails trocados por integrantes da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, na Grã-Bretanha, e cientistas de outros países. Um dos emails sugere que o chefe da Unidade de Pesquisa Climática, Phil Jones, queria excluir documentos da próxima grande avaliação da ONU em ciências climáticas. Jones, que se afastou do caso até o final de uma investigação interna, nega veementemente a manipulação de dados e afirma que os emails foram divulgados fora de contexto. Outros cientistas envolvidos no incidente negam que tenha havido manipulação de dados. O coordenador do do IPCC, Rajendra Pachauri, disse à BBC que as acusações de manipulação são graves e ele quer uma investigação. "Certamente vamos analisar tudo e então vamos nos pronunciar sobre isto. Com certeza não queremos varrer nada para debaixo do tapete. Esta questão é séria e vamos analisar todos os detalhes", afirmou. Os chamados "céticos" em relação ao aquecimento global alegam que os emails divulgados prejudicam os argumentos científicos que afirmam que a mudança climática está sendo causada pelas emissões de gases de efeito estufa, e já apelidaram o incidente de "Climagate", numa alusão ao caso Watergate, o escândalo que levou à renúncia do presidente americano Richard Nixon em 1974 De acordo com o analista de meio ambiente da BBC Roger Harrabin, o vazamento dos emails abalou o mundo da ciência climática e suas repercussões estão se espalhando. A Arábia Saudita, por exemplo, tradicional oponente das propostas de cortes no uso de combustíveis fósseis, afirmou que o incidente significa que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, na próxima semana, em Copenhague, na Dinamarca, deve abandonar os planos para redução das emissões. Outros importantes acadêmicos do setor de estudos de mudança climática afirmam que a divulgação destes documentos não muda nada na avaliação feita pelo IPCC em 2007. O pior cenário quanto ao aquecimento global, divulgado pelo IPCC no relatório de 2007, prevê um aumento de temperatura de entre 2,4ºC e 6,4ºC até o fim do século.

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