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Obama reforça pressão por indenizações para vazamento no Golfo

Ações da petroleira britânica BP caíram quase 10% na Bolsa de Valores de Nova York.

Por Alessandra Corrêa
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta segunda-feira em visita à costa do Golfo do México que seu governo vai pressionar a petroleira britânica BP a compensar as perdas financeiras das vítimas do vazamento de petróleo na região. "Eu vou me reunir com o presidente da BP na quarta-feira", disse Obama em um pronunciamento em Theodore, no Estado do Alabama, em sua quarta visita à região desde o início do vazamento, em abril. "Nós já iniciamos conversas preliminares sobre como estruturar um mecanismo para que as demandas legítimas que serão apresentadas não apenas amanhã, não apenas na próxima semana, mas ao longo dos próximos meses, sejam tratadas de maneira justa, honesta e imediata", afirmou. "Até agora, tivemos um diálogo construtivo. E minha esperança é que quando me encontrar com o presidente da BP na quarta-feira nós tenhamos feito progresso suficiente para que possamos começar a ver a estrutura que será montada", disse Obama. O governo americano quer que a BP crie um fundo independente de bilhões de dólares para cobrir os pedidos de compensação financeira das vítimas do vazamento. O roteiro de Obama no Golfo do México tem duração de dois dias e inclui ainda os Estados do Mississippi e da Flórida. Na noite de terça-feira, já de volta a Washington, o presidente fará um pronunciamento à nação, transmitido ao vivo pela TV, que terá como tema o vazamento no Golfo, considerado o pior desastre ambiental da história americana. Ações em queda Em meio à crescente pressão do governo americano, as ações da BP fecharam em queda de 9,71% nesta segunda-feira na Bolsa de Nova York, depois de registrarem queda de 9,30% na Bolsa de Londres. Desde abril, quando uma plataforma operada pela empresa britânica explodiu e afundou no Golfo do México, dando início ao vazamento de petróleo, as ações da empresa já caíram cerca de 45%. O desempenho negativo ocorre também em meio a dúvidas sobre o pagamento de dividendos aos acionistas no segundo trimestre. Washington quer que a BP suspenda esses pagamentos até que as vítimas do vazamento no Golfo sejam compensadas. Desde o início do vazamento, a empresa já gastou US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 2,9 bilhões). Plano Quase dois meses depois do início do vazamento, em 20 de abril, o problema continua sem solução. Um dispositivo colocado pela BP na semana passada sobre a área danificada está recolhendo em torno de 15 mil barris por dia, volume ainda insuficiente para conter o vazamento. As últimas estimativas são de que o poço danificado, localizado a cerca de 1,5 mil metros de profundidade, despeje cerca de 40 mil barris de petróleo por dia no Golfo do México. Nesta segunda-feira, porém, a empresa apresentou um plano que prevê a coleta de até 53 mil barris diários até o fim do mês. "Depois de ver um plano inicial de coleta do petróleo por parte da BP, nós voltamos a eles e dissemos que eles precisam agir mais rápido e mais agressivamente, e eles agora vieram com um plano para acelerar as medidas para conter mais de 50 mil barris por dia até o fim de junho, duas semanas antes do que haviam sugerido inicialmente", disse Obama. Indústria pesqueira Obama também anunciou um plano para recuperar a indústria pesqueira da região afetada e disse que as praias locais vão voltar às condições de antes do desastre. "Eu almocei frutos do mar, e estava delicioso", disse Obama. "Os frutos do mar do Golfo são seguros para consumo atualmente, mas temos de garantir que continuem assim." O presidente disse que além de restringir as águas que foram ou possam ser expostas ao petróleo, o governo vai aumentar a inspeção de processadoras de frutos do mar e os programas de vigilância e monitoramento. "Nós estamos enfrentando o maior desastre ambiental da nossa história com a maior resposta ambiental e esforço de recuperação da nossa história", afirmou o presidente. Obama disse que autorizou o deslocamento de 17,5 mil membros da Guarda Nacional para ajudar nos esforços na região afetada. Modo de vida O presidente afirmou ainda que fará tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que o modo de vida no Golfo não seja afetado pelo desastre no longo prazo. Durante a viagem, Obama distribuiu um comunicado por e-mail a membros do Partido Democrata e apoiadores de sua campanha presidencial em 2008 e pediu que os destinatários incluam seus nomes em uma campanha por energia limpa. "Chegou a hora, de uma vez por todas, de esta nação abraçar inteiramente um novo futuro", diz o texto. "É assim que vamos reinventar nossa economia." O presidente chegou a comparar o desastre no Golfo aos ataques de 11 de setembro de 2001, ao dizer, em entrevista ao site Politico, que o vazamento vai mudar para sempre a maneira como os americanos encaram a questão energética. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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