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Museu faz censo de espécies

Catálogo do Emílio Goeldi fará parte de mostra no armazém do cais do porto, na Rio+20

Por Clarissa Thomé
Atualização:

RIO - O Museu Paraense Emílio Goeldi lança nesta sexta-feira, em Belém, o projeto Censo da Biodiversidade. A ideia é que institutos de pesquisa de todo o País mapeiem a biodiversidade da fauna e da flora brasileira e montem um banco de dados, atualizado anualmente. Além de animais e plantas já descritos, o censo recebe a contribuição de 130 espécies catalogadas recentemente pelos pesquisadores do Goeldi. Elas farão parte da exposição A Amazônia Desconhecida, que o museu montará no armazém do cais do porto, no Rio de Janeiro, durante a conferência Rio+20. As 130 espécies - 49 da fauna e 81 da flora - foram reunidas na publicação Espécies do Milênio, também lançada hoje no Pará. São insetos, aracnídeos, peixes, anfíbios, aves e mamíferos. Também há fungos, bromélias, orquídeas, arbustos e árvores. O fato de terem sido descritos na última década não significa que sejam organismos recentes, alertam os pesquisadores. Descrever a nova espécie toma tempo e necessita que seja feito todo um rastreamento das espécies semelhantes. Classificação. O estudo permitiu ainda corrigir informação a respeito de espécies catalogadas equivocadamente. Entre os mamíferos descritos, está o Mico rondoni, que estava registrado como pertencente a outra espécie. Para fazer a revisão da classificação taxonômica, os pesquisadores utilizaram novas tecnologias, como a biologia molecular. Além das chamadas "espécies do milênio", o Censo da Biodiversidade também já conta com aquelas que compõem as coleções científicas do Museu Goeldi. São 3.813, pesquisadas desde o século XIX. Pesquisadores, estudantes e curiosos da ciência terão acesso ao nome científico, à família em que a espécie está inserida e ainda se está ameaçada de extinção. Com a participação de outros centros de pesquisa do País, convidados a ingressar no projeto, a ideia é alcançar todos os biomas. Exposição. A mostra Amazônia Desconhecida, no Cais do Porto, será dividida em oito painéis e terá uma área interativa, com jogos eletrônicos e de tabuleiro criados pelos pesquisadores. As novas espécies vão dividir espaço com as 770 ameaçadas de extinção. "Vamos fazer uma retrospectiva desse período de 20 anos entre a Eco-92 e a Rio+20. Precisamos ter o conhecimento da nossa biodiversidade e entender também o que é a perda do habitat. Até 1992, a Amazônia havia perdido 300 mil km² de área. Até 2012, perdeu quase 700 mil hectares", afirma a pesquisadora e assessora da diretoria do Museu Goeldi, Ima Vieira. Entre as espécies em risco de extinção está a árvore pau-cravo, uma das "drogas do sertão", como eram chamados produtos levados como especiarias da Amazônia para a Europa no período colonial. Tinha valor porque a casca da árvore apresenta sabor de cravo e aroma de canela. Hoje são conhecidas apenas duas regiões com pequena concentração da árvore, que chega a alcançar 20 metros de altura - Juruti e Vitória do Xingu, em Belo Monte, no Estado do Pará. Os pesquisadores do Museu Goeldi defendem a proposta de transformar Juruti em uma unidade de conservação e também garantir a criação de medidas de proteção para a região de Belo Monte.

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