Metas para Copenhague são realistas, diz analista da Embrapa

Governo projeta redução de uma área de aproximadamente 10 milhões de hectares voltadas para pastos

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Por Célia Froufe (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

As metas agropecuárias brasileiras de redução de emissão de gases de efeito estufa, que serão levadas à conferência internacional sobre mudanças climáticas, em Copenhague, em dezembro, são realistas e permitem espaço para negociação pelo Brasil nos próximos 50 anos. A avaliação foi feita pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que coordena um grupo de estudos sobre alterações no clima, Eduardo Assad. O governo anunciou na última sexta-feira que a meta de corte de gases será de 36% a 39%, dos quais uma fatia de 4,9% a 6,1% estão a cargo da agricultura.

 

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"Não é uma meta tímida, é realista. O governo está colocando no papel uma coisa que é possível de se fazer. Se o governo optasse por aumentar muito esses porcentuais, haveria uma quebradeira no setor", considerou o pesquisador. "Além disso, não se pode fazer tudo de uma só vez. Até porque é preciso ter margem para negociar nos próximos 50 anos", acrescentou.

 

Pelos cálculos de Assad, as metas para a agropecuária significariam, na prática, a redução de uma área de aproximadamente 10 milhões de hectares voltadas para pastos de um total de 170 milhões de hectares disponíveis hoje para a criação de gado. "Isso mostra que o Brasil tem muito a avançar", afirmou. Ele defende, inclusive, que o País passe a produzir mais carne bovina por meio da produção intensiva - e não extensiva, como é feito na maioria dos casos hoje -, no intuito de reduzir a emissão de gases de efeito estufa. "Nossa capacidade de suporte é muito baixa, é de menos de uma cabeça de gado por hectare", calculou.

 

O ideal, de acordo com o pesquisador da Embrapa, é que haja um grande avanço neste momento da integração da lavoura com a pecuária, um dos itens que já são apontados pelo Ministério da Agricultura como forma de reduzir a emissão de gases. "É preciso recuperar pastos com a produção de grãos e reduzir o desmatamento", acrescentou.

 

Assad admitiu que essa integração é mais complicada do que pode parecer, no início, porque o pecuarista teria de obter expertise na cultura de grãos, por exemplo, para fazer a união das duas atividades, com o objetivo de que uma complete a outra. "Por isso é preciso que o governo se empenhe na transferência de tecnologias para o campo."

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